Um bairro… na Lua? Parece roteiro de ficção científica, mas é plano real da NASA. A agência espacial americana anunciou a intenção de construir uma vila permanente na Lua até 2035, um passo histórico rumo à vida fora da Terra.
O projeto foi revelado por Sean Duffy, administrador da NASA, durante o Congresso Aeronáutico Internacional (IAC), em Sydney, na Austrália. Segundo ele, a ideia é simples de dizer, mas gigante de realizar: criar o primeiro posto avançado humano e sustentável na superfície lunar. “Estamos prontos para fazer história”, afirmou Duffy.
E ele não está exagerando, porque, se tudo der certo, será a primeira vez que humanos viverão de forma contínua em outro corpo celeste.
Como seria viver na vila lunar?
Os detalhes ainda são guardados a sete chaves, mas algumas informações já foram adiantadas. A vila deve ser alimentada por energia nuclear e construída com materiais extraídos do próprio solo lunar, como regolito (a poeira e as rochas da superfície). Isso tornaria a base autossustentável, reduzindo a dependência de recursos enviados da Terra.
Além disso, a estrutura será projetada para resistir à radiação, às variações extremas de temperatura e, claro, ao impacto de micrometeoritos. Afinal, a Lua não é o lugar mais acolhedor do Sistema Solar. Mas se tem uma coisa que os engenheiros da NASA adoram, é um bom desafio.
Antes da vila, vem a Artemis
O plano faz parte de uma sequência de missões do programa Artemis, o mesmo que pretende levar humanos de volta à Lua depois de mais de 50 anos. A próxima etapa, a Artemis II, deve acontecer em fevereiro de 2026 (sim, já no ano que vem) e levar quatro astronautas em uma viagem ao redor do satélite.
Mas calma: dessa vez ninguém vai descer na superfície. O objetivo é testar sistemas de bordo e analisar como o corpo humano reage a uma jornada espacial prolongada. Em 2027, porém, a história muda, dois astronautas devem pousar próximos ao polo sul lunar, região rica em gelo e, portanto, essencial para futuras colônias.
Construir com o que a Lua oferece
Usar materiais lunares para erguer as bases é uma das partes mais empolgantes (e práticas) do projeto. Isso porque levar cada quilo de material da Terra até o espaço custa milhões de dólares. Se der para fabricar paredes, pisos e até concreto diretamente na Lua, a economia e a autonomia aumentam e o sonho da vila se torna bem mais possível.
Há ainda planos de testar impressoras 3D de grande porte capazes de moldar as estruturas usando poeira lunar e um tipo especial de ligante desenvolvido pela NASA. Em outras palavras: uma construção feita de Lua, na Lua.
Energia nuclear: o coração da vila
Para manter tudo funcionando, a agência aposta em reatores nucleares compactos, os chamados Fission Surface Power Systems. Eles poderão gerar energia constante, mesmo durante as longas noites lunares, que duram cerca de duas semanas terrestres.
Essa tecnologia já está em testes em parceria com o Departamento de Energia dos EUA e será crucial para manter iluminação, comunicações e sistemas de suporte à vida. Afinal, ninguém quer ficar no escuro… literalmente.
Um passo além da Lua
Duffy aproveitou o painel para mencionar que o objetivo da NASA não termina na Lua. O verdadeiro horizonte é Marte. A vila lunar funcionará como uma espécie de 'ensaio geral' para futuras colônias no planeta vermelho. Segundo ele, os Estados Unidos já têm planos 'muito maiores', mas ainda confidenciais.
Se tudo correr conforme o cronograma, o primeiro módulo da vila lunar pode começar a ser instalado já na próxima década. E sim, isso significa que crianças que hoje estão no ensino fundamental podem viver o bastante para ver a primeira “vizinha da Lua” e quem sabe, um dia, até visitá-la.