80 ANOS: 'O Pequeno Príncipe' defende ideias terrivelmente profundas e verdadeiras

Primeira edição do clássico de Antoine de Saint-Exupéry saiu em Nova York no dia 6 de abril de 1943

80 ANOS: 'O Pequeno Príncipe' defende ideias terrivelmente profundas e verdadeiras

Foto: Divulgação

Antoine de Saint-Exupéry morreu em 1944, pouco depois de completar 44 anos, numa missão de reconhecimento. Ele era um piloto de avião quando a palavra avião ainda sugeria algo exótico e perigoso. Mais ou menos como pilotar foguetes espaciais ou surfar ondas gigantescas no século 21. Porém, antes de morrer, “Saint-Ex” chegou perto de se tornar imortal porque escreveu “O pequeno príncipe”, publicado pela primeira vez em Nova York no dia 6 de abril de1943.

 

Essa primeira edição, editada há exatos 80 anos, teve uma versão em inglês e outra em francês. Na França, quando saiu a primeira edição pela Gallimard, era 1946 e Saint-Exupéry estava desaparecido há mais de três anos. Na verdade, ele foi dado como morto no mesmo ano do seu último voo.

 

Até que, em 1998, um pescador encontrou algo estranho enroscado na sua rede de pesca: um bracelete com o nome do piloto escritor. Esse episódio levou à descoberta dos destroços do avião de Saint-Exupéry no mar mediterrâneo em 2002. A essa altura, “O Pequeno Príncipe” já era onipresente. Uma fábula traduzida e publicada em mais de 200 idiomas, em mais de uma centena de países, com milhões – muitos milhões – de exemplares vendidos. Em 2014, 70 anos depois da morte do autor, a obra entrou em domínio público e hoje você encontra uma quantidade atordoante de edições boas e ruins, traduções bem-feitas e malfeitas, versões de bolso, capa dura, pop-up, áudio, braile etc. 

 

O Pequeno Príncipe


Sim, “O Pequeno Príncipe” tem números impressionantes, mas isso se explica pela capacidade que o livro tem de dizer coisas diferentes para pessoas diferentes.

 

Eu, por exemplo, tenho carinho pelo livro porque foi o primeiro que meu filho leu por conta própria, sem eu ter que ler para ele. E lembro que conversamos sobre o livro e que expliquei algumas cenas e palavras. “O pequeno príncipe” funciona como um filme da Pixar: uma criança se diverte com o menino que voo pelo espaço visitando asteroides e um adulto fica comovido com as ideias que Saint-Exupéry defendeu na história.

 

Algumas dessas ideias soam ingênuas (as pessoas grandes não entendem as coisas), mas outras são terrivelmente profundas e verdadeiras. Uma das que mais gosto fala sobre como somos responsáveis por aquilo que (ou por quem) cativamos.

 

A história do Pequeno Príncipe é contada pelo aviador-narrador que sofre uma pane no deserto do Saara. Enquanto trabalha para arrumar seu avião, ele conhece o menino do asteroide B-612 (existem tantos planetas no universo que os cientistas usam letras e números para dar nome a alguns deles).

 

O menino conta para ele de onde vem, como é o planeta que deixou para trás e qual foi o percurso que fez até a Terra, passando por outros seis planetas (cada um deles com um personagem: o rei, o homem vaidoso, o homem de negócios, o bêbado, o geógrafo e o acendedor de lampiões).

 

Antoine de Saint-Exupéry


Ao chegar na Terra, o principezinho viveu experiências peculiares, percorreu desertos, escalou montanhas, conversou com rosas e conheceu uma raposa. E é essa raposa que diz: “Se tu me cativas, teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo”. Essa é a tradução de dom Marcos Barbosa, provavelmente a mais conhecida no Brasil.

 

Depois que a obra entrou em domínio público, a Companhia das Letrinhas publicou uma edição bem bonita de “O Pequeno Príncipe”, com tradução de Mônica Cristina Corrêa. Nessa versão, a raposa não usa a segunda pessoa do singular. Ela diz: “Se você me cativar, precisaremos um do outro. Você será para mim único no mundo. E eu serei para você única no mundo…”

 

Essa ideia, a de que “a gente só conhece bem as coisas que cativou”, como diz a raposa, é uma das mais marcantes do livro. Ao menos para mim.

 

O tempo


A raposa e o principezinho conversam sobre a rosa que ele deixou para trás, no planetinha dele. A rosa exigente e temperamental, que aceitou a contragosto a ideia de que o Pequeno Príncipe deixaria o B-612 para dar uma volta, aproveitando “uma migração de pássaros selvagens”. (Na história, o personagem voa pelo espaço agarrando fios puxados por pássaros.)

 

Procurando explicar ao menino como funciona uma relação e o que faz de uma relação algo valioso, a raposa, por fim, diz: “Foi o tempo que perdeste com tua rosa que a fez tão importante”.

 

Essa noção de que uma coisa é importante porque dedicamos tempo a ela é, para mim, a essência do “Pequeno Príncipe”.

 

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