Escamoteado pela sociedade envolvente e conduzido à rafameia de um mundo desconectado com o espaço vivido, Vivant continuara inditoso diante da invisibilidade social a que estava submetido.
As lições que Xiripá lhe dera, ainda não havia sido despertado ao ser de um ente carente, que cotidianamente presenciava o espólio escarneante da morte em vida.
A ansiedade tomara de conta da mente de um pensador que não sabera agir diante do escárnio e falsídia a que estava submetido. Era preciso utilizar-se dos papiros e grafites que Xiripá lhe dera para mostrar os males que exacerbava o lugar onde morava.
Diante de tanta angústia e sofrimento, Vivant arrasta-se até a praça da cidade e desmaia exaurido e combalido por uma dor fulminante que invadira a sua benevolente alma. Frágil e adormecido, ele fora cuidado por uma inebriante imagem de vestido branco. Virtuosa, a imagem senta-se ao seu lado e aloja a cabeça de Vivant em seu colo divinal. Ele desperta e diz- Xiripá . Ela, então, responde: - sou a bailarina.
Vivant segue os passos da bailarina até a igreja Santo Antônio. Em estado de exaustão, ela fala sorridente: - a sua mãe pediu pra te deixar aqui.
Rondeau Vivant tem outro desmaio e adormece na porta da igreja. Xiripá aparece no altar, abre os braços e anuncia o surgimento de três colunas humanas com asas embrulhadas por papiros gigantes, erguidas por diversas flechas afinadas com pontas de grafite, e fala:
Acorda meu filho. Estou te trazendo as três colunas humanas que te prometi. Elas possuem antenas sobre a cabeça que alimentarão pequenas máquinas responsáveis pela comunicação com todas as minhas órbitas planetárias. A partir do ano de 2005 marca de nascimento da argúcia do olho de águia – determinarei o espaço e tempo de cada figura humana entranhada aos seus modos de vida, pois cada imagem será diferente uma da outra. Elas serão desconectadas das minhas redes universais da segurança e de meus astros guardiães, conforme as suas marcas de vivência , e também quando eu sentir a necessidade de que você poderá seguir seus próprios passos, porém, deixarei simbolizado alguns sinais que jamais se afastarão de você. Sinais que permanecerão sintonizados e vinculados à sua alma, enquanto outros seguirão novos caminhos sob à luz da sobrevivência humana. Filho, agora tenho que ir, preciso selecionar a sua estrela guia do firmamento e anunciar os seus primeiros enfrentamentos como ator social-midiático de uma rede em metamorfose.
Xiripá se despede e Vivant ressuscita. Surge o mais novo sujeito da história de Rondeau que sobreviverá por entre risos e lágrimas de um cenário construído de dialética e dinamicidade que ainda estará por vir frente aos embates históricos travado pela fortaleza de sua armadura e pelas transcendentais criaturas de Xiripá.