Lula diz que vai construir ponte binacional em Guajará Mirim - Veja várias fotos do encontro
Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Evo Morales (Bolívia) e Hugo Chávez (Venezuela) assinaram nesta sexta-feira, em Riberalta, dois acordos de cooperação com o governo boliviano, totalizando US$ 530 milhões (R$ 842,4 milhões).
Lula e Chávez aproveitaram a oportunidade para dar seu apoio a Morales, que porá o cargo em jogo, no dia 10 de agosto, em um referendo revogatório, junto com o do vice-presidente e o dos nove governadores do país, sete deles considerados duros opositores (David Mercado/Reuters).
Aliados ao presidente Boliviano Evo Morales participam de evento governista em Riberalta.
Durante o ato no extremo nordeste da Bolívia e perto da fronteira com o Brasil, que, segundo a agência France Presse, reuniu cerca de 5.000 pessoas em um estádio local, Lula elogiou o líder boliviano.
"Quando vi um povo boliviano que elegia um índio para ser presidente do país (pensei que) a tua eleição (dirigindo-se a Morales) talvez tenha sido muito mais significativa do que a eleição de um metalúrgico no Brasil", disse Lula.
"Aqui estamos, Lula e este humilde servidor, para dizer que estamos com Evo e apoiaremos enquanto pudermos o processo da nova Bolívia, do renascimento dessa pátria", afirmou Chávez.
Morales agradeceu aos colegas pela presença e garantiu que "o processo de mudança", promovido por ele há dois anos, "é irreversível".
Integração
Lula destacou em Riberalta que o processo de integração sul-americana "está avançando rapidamente, com os próprios recursos".
O líder brasileiro afirmou que a formação da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) permitiu "a reativação de um projeto de infra-estrutura" em que estão envolvidos vários países da região.
Acordos de cooperação entre os presidentes Lula, Morales e Chávez se tornam ato político em favor do governante boliviano
"Há dois meses assinamos em Brasília o tratado de formação da Unasul, que representa a superação da inércia das resistências que impediram nossa unidade ao longo de 200 anos de vida independente", disse ele.
Lula declarou que "a reativação de um projeto de infra-estrutura que une vários países comprova que o processo de integração da América do Sul está avançando rapidamente".
"Também vamos promover a integração energética e financeira, assim como políticas sociais e educativas conjuntas. Além disso, investiremos juntos em setores estratégicos", acrescentou.
No mesmo ato, Chávez destacou o papel na região sul-americana de um Brasil "cada dia mais poderoso, uma verdadeira potência integradora da América do Sul, libertadora de nossos povos".
"Hoje, o Brasil caminha. Hoje, o Brasil, com o peito erguido, levanta-se como potência mundial", disse Chávez dirigindo-se a Lula.
Chávez fez também alusão ao grupo de países industrializados, G8 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão, Reino Unido e Rússia) dizendo que "quando vais a essa reunião, Lula, nós nos sentimos representados, porque sabemos que nos representa com dignidade".
Acordo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o chefe de Estado da Venezuela, Hugo Chávez, concederam nesta sexta-feira ao governante boliviano, Evo Morales, um empréstimo de US$ 530 milhões (R$ 842,4 milhões) para estradas na Amazônia e prometeram mais respaldo para desenvolver a indústria do gás no país.
Lula e Chávez assinaram os convênios em um estádio de futebol de Riberalta, situado 900 quilômetros ao nordeste de La Paz, perto da fronteira com o Brasil.
Chávez assinou um acordo para dar à Bolívia US$ 300 milhões (R$ 476,85 milhões) e Lula concederá um empréstimo de US$ 230 milhões (R$ 365,6 milhões) para a construção de uma rota que permitirá unir La Paz com a fronteira do Brasil.
Segundo o presidente venezuelano, a estrada unirá o norte tropical de La Paz, o noroeste do Brasil e a Amazônia, além de ligar vias que levam ao Orinoco venezuelano.
Ponte binacional
(Do enviado especial Paulo Andreoli) Durante seu discurso,o presidente Lula garantiu que irá construir a ponte binacional que ligará as cidades de Guajará-Mirim (Brasil) a Guayaramerin(Bolívia), hoje feito exclusivamente por travessia fluvial.