Corpos em decomposição expostos ao solo, risco de desabamento e freezers quebrados: o colapso silencioso do Instituto Médico Legal de Porto Velho
Foto: Acervo
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Um relatório técnico obtido com exclusividade pela reportagem do Rondoniaovivo revela uma realidade alarmante no coração do sistema de perícia criminal do estado de Rondônia. Literalmente, o Instituto Médico Legal (IML) de Porto Velho (RO) está à beira do colapso. De acordo com o documento, datado de 31 de março de 2025, a estrutura física do prédio ameaça ruir, cadáveres em decomposição são armazenados sem qualquer condição sanitária, e os equipamentos fundamentais para a conservação dos corpos estão inoperantes.
O segundo andar da edificação foi interditado devido ao risco iminente de desabamento. A laje apresenta afundamentos e rachaduras profundas, conforme descreve o laudo técnico que cita normas da ABNT sobre segurança estrutural. Mesmo desativado, o pavimento continua oferecendo riscos aos servidores e frequentadores. “A qualquer momento, uma tragédia pode acontecer”, alerta um dos profissionais que preferiu não se identificar, temendo represálias.
Mas a ameaça não vem só do alto. O que se vê no solo é igualmente aterrador: restos humanos descartados a céu aberto, diretamente em contato com o solo, próximos à entrada do prédio e à sala de raio-X. O cenário, que deveria ser clínico, assume contornos de filme de terror. Segundo o relatório, os resíduos de cadáveres são deixados expostos, em total desacordo com a legislação sanitária da Anvisa, o que gera risco real de contaminação do solo e do lençol freático.
As imagens anexadas ao relatório são chocantes: câmaras frigoríficas quebradas, corpos deteriorando rapidamente em ambientes quentes e insalubres, e áreas críticas – como a sala de autópsia – sujas e sem higienização adequada. A ausência de equipe de limpeza permanente agrava ainda mais o cenário. O IML de Porto Velho, responsável por perícias criminais fundamentais para a justiça, parece funcionar em meio ao abandono e à precariedade.
Além da denúncia técnica, a situação configura possível violação de direitos humanos. A dignidade da pessoa falecida, direito previsto em tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário, está sendo negada. A exposição de corpos à degradação física, fora dos parâmetros sanitários e legais, é um desrespeito não apenas aos mortos, mas também às suas famílias, aos profissionais que ali trabalham e à sociedade.
As recomendações listadas no relatório são claras e urgentes: contratação emergencial de equipes de limpeza, reparos imediatos na estrutura e nos equipamentos, criação de um plano de gerenciamento de resíduos hospitalares e um laudo técnico detalhado sobre a estabilidade do edifício. Até agora, nenhuma dessas providências foi oficialmente anunciada.
A pergunta que resta é: até quando o poder público vai ignorar esse cenário de horror institucionalizado? A omissão pode custar vidas, inclusive das que ainda estão entre nós.
* O resultado da enquete não tem caráter científico, é apenas uma pesquisa de opinião pública!