Multas, greves, inquérito trabalhista e abertura de CPI marcam a atuação da empresa em contrato semelhante no Piauí.
Foto: Divulgação
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A Aurora Serviços Ltda, empresa prestes a assumir emergencialmente a coleta de lixo em Porto Velho, tem se mantido no processo por força de decisões judiciais — e não por critérios técnicos. A companhia já havia sido considerada inapta pela equipe técnica da própria Prefeitura da capital rondoniense, Tribunal de Contas do Estado de Rondônia (TCE-RO) e pelo Ministério Público de Contas. Apesar disso, por meio de liminares, segue prestes a assumir o contrato. A medida emergencial, que buscava solucionar um problema antigo na limpeza urbana da capital, esbarra agora em um alerta: em Teresina (PI), onde a empresa já atua em contrato semelhante, os resultados têm sido desastrosos.
Na capital piauiense, a Aurora opera os serviços de limpeza urbana em consórcio e enfrenta um histórico de multas, paralisações e investigações. Somente entre abril e maio deste ano, a Prefeitura de Teresina aplicou mais de R$ 1,7 milhão em penalidades, motivadas por descumprimento contratual, como falta de caminhões e pessoal, ausência de documentos exigidos e atrasos na entrega de planos operacionais.
No início de junho, os trabalhadores da empresa paralisaram as atividades por 24 horas, devido a salários atrasados e à falta de pagamento de benefícios. O movimento gerou acúmulo de lixo nas ruas e aumentou a insatisfação popular. A crise levou a Procuradoria Regional do Trabalho da 22ª Região a abrir inquérito civil contra o consórcio, para apurar irregularidades trabalhistas. O TCE do Piauí também encontrou ilegalidades e inconsistências na contratação da empresa.
A empresa é alvo de constantes críticas da população teresinense. Moradores relatam que a Aurora não cumpre o itinerário da coleta, permite o acúmulo de lixo por dias em frente às residências e realiza o serviço de forma incompleta e desorganizada. Mesmo diante das falhas na execução do serviço, a Aurora ainda moveu ação judicial contra a Prefeitura de Teresina, cobrando R$ 19 milhões. A insatisfação com a deficiência da limpeza urbana é crescente e se reflete nas redes sociais, veículos de imprensa locais e na pauta política da cidade.
Na última segunda-feira (17), a Câmara Municipal de Teresina aprovou a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o contrato com a empresa e apurar as falhas na prestação do serviço. Vale lembrar que, antes mesmo de iniciar suas atividades na cidade, a Aurora já havia sido considerada inabilitada tecnicamente.
Em Porto Velho, o contrato emergencial surge como uma tentativa válida da Prefeitura de regularizar a coleta, diante de um cenário crítico e de longa data. No entanto, a justiça, ao manter a empresa que não comprovou capacidade técnica e que foi descartada previamente pela própria gestão, gera um risco concreto de que os problemas vividos em Teresina se repitam na capital rondoniense, com impactos diretos para a população.
O processo ainda aguarda desfecho definitivo, enquanto a população de Porto Velho permanece à mercê da própria sorte, sem saber quem, de fato, irá assumir a responsabilidade pela coleta de lixo na capital.
* O resultado da enquete não tem caráter científico, é apenas uma pesquisa de opinião pública!