LEITE: Baixa produção e falta de incentivo ao setor desanimam produtores de RO

“Toda a lei que foi construída foi para favorecer as indústrias e prejudicar o produtor”, diz pecuarista

LEITE: Baixa produção e falta de incentivo ao setor desanimam produtores de RO

Foto: Divulgação

 

Enquanto a população paga quase R$ 50 em um quilo de queijo muçarela, mais de R$ 7 em um litro de leite integral e, pelo menos, R$ 15 em 500 gramas de manteiga, o produtor de leite nas zonas rurais das cidades rondonienses recebe de R$ 2,06 por litro de leite. 
 
Essa é uma conta que não fecha, segundo os que sobrevivem oferecendo o produto aos grandes laticínios. Os pecuaristas de leite disseram ao Rondoniaovivo que os custos subiram muito nos últimos dois anos. O motivo são os preços da ração e de outros insumos, importantes para que as vacas estejam saudáveis e prontas para ofertar o produto que sai das fazendas para a mesa dos consumidores sob diversas formas.
 
Os produtores de leite de Rondônia vêm travando uma briga há mais de dois anos por um preço que, pelo menos, cubra as despesas de produção. Eles explicaram que Rondônia é um estado que não participa da Média Cepea, que é um referencial no Brasil para definir os preços do produto.
Isso se deve a omissão das empresas de laticínios em não se comprometerem a fornecer os dados para o resto do estado. Com isso, não é possível participar do índice nacional.
 
O produtor Marcos Paulo Souza da Silva, da cidade de São Francisco do Guaporé, afirmou que mesmo com o Conselho Paritário de Produtores e Indústrias de Leite do Estado de Rondônia (Conseleite), não houve nenhuma atualização nos custos de produção. 
 
Incentivos
 
Uma crítica é feita pelo produtor Renildo Avelino, do município de Rolim de Moura, em relação ao Proleite (Programa de Desenvolvimento da Pecuária Leiteira do Estado de Rondônia). Ele afirma que a Secretaria Estadual de Agricultura (Seagri) está usando os recursos de forma equivocada e injusta. 
 
“O Secretário de Agricultura do Estado tem feito uso deste recurso Proleite, fundo esse destinados aos produtores de leite, para que a gente pague a faculdade. Isso é obrigação da indústria e custo para elas e não para o produtor”, afirmou.
 
O Proleite é formado por 23 entidades participativas e somente seis tomam as decisões. Os produtores afirmam que os recursos há nove anos estão sendo usados pelas entidades envolvidas, porém, afirmam, não viram qualquer benefício proveniente do programa para a categoria. 
 
Os produtores declararam que essa situação tem levado a queda na produção leiteira rondoniense. Isso tem desanimado quem trabalha com leite no Estado e forçando até a desistência da atividade. 
 
Baixo preço pago pelo litro do leite tem desanimado produtores rondonienses
 
“A nossa produtividade está chegando ao fim. A produção era de 3 milhões e, hoje, estamos com 800 mil litros diários. Não está longe de acabar a produção de leite em Rondônia”, lamentaram.
 
Uma reclamação feita pelos produtores rurais ao Rondoniaovivo, é de que o Governo só dá incentivos para os laticínios. Eles contaram que até mesmo recursos que eram para ser destinados aos produtores, estão sendo usados para outros fins. 
 
Queda
 
De acordo com os pecuaristas de leite toda a questão leiteira em Rondônia, é feita em apoio à indústria. Quem atua no começo da cadeia de produção, que são os pequenos produtores de leite, acaba esquecido. Essa situação, prejudica que está no final, que é quem compra o leite nos supermercados.
 
Toda a lei foi construída foi para favorecer as indústrias e prejudicar o produtor. E o leite mal pago para o produtor saí mais caro para o consumidor”, lamentou Renildo.
 
Outra observação que, segundo os produtores rurais, favorece com que Rondônia tenha um dos litros de leite mais caros do país, é a questão dos impostos. 
 
“Existem também uma tributação em cima dos UHTs [de caixinha/longa vida] de outros estados que entram aqui. Lá fora, os produtores recebem R$ 3,57 em média por litro. Em Rondônia, o valor é de, no máximo, R$ 2,06 por litro”, compararam. 
 
Leite que vem desses outros Estados chegam com preço mais em conta em Rondônia
 
Esse cenário, disseram, além de estar prejudicando a produção leiteira estadual, tem levado uma grande insatisfação a categoria. Eles afirmam que o leite que vem de outros locais do país para o Estado, chega com preços menores do que é produzido aqui. Para isso, a exemplo de anos anteriores, existe um movimento a favor da paralisação da produção. Eles cobram uma ação do Governo de Rondônia.
 
“Quando chega para vender em Rondônia pagando a tributação ainda chega mais barato. A Secretaria de Finanças do Estado (Sefin) não tem investigado esse abuso de preço e a categoria está caminhando para uma greve”, alertou Marcos Paulo.
 
O quadro pintado para os produtores de leite, não é dos melhores. Eles dizem que tem tentado alternativas para fazer frente a desvalorização do preço do leite em Rondônia, porém, não estão superando as dificuldades.
 
“Os produtores pagam as suas contas com a venda do leite e para melhorias nas propriedades. Novos investimentos só são possíveis com as vendas de bezerros. Porém, eles não estão conseguindo cobrir os custos básicos com a produção de leite ou com as vendas dos animais. Isso, devido à desvalorização da arroba no estado, que é a mais barata do Brasil”, explicou Marcos Paulo.
 
Explicações
 
O Rondoniaovivo entrou em contato com Secretaria de Agricultura (Seagri), que enviou a seguinte nota:
 
Foram investidos em torno de R$ 48 milhões de reais do Fundo Proleite, fundo público, coordenado pela Seagri que visa o desenvolvimento da pecuária de leite rondoniense.
 
Todas políticas públicas implementadas são ações do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri), em parceria com a Entidade Autárquica de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Rondônia (Emater Rondônia), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Rondônia), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), municípios e organizações da sociedade civil.
 
Os recursos do Fundo Proleite, para serem utilizados, têm que ser aprovados pelo Conselho de Desenvolvimento do Agronegócio Leite do Estado de Rondônia – Condalron.
 
Em 2021 (com 5 anos de execução) começaram ser executados três projetos complementares: Transtec, Inovatec e Consultec que juntos somam aproximadamente R$ 28 milhões em investimentos na cadeia produtiva do leite, recursos provenientes do Fundo de Investimento e Apoio ao Programa de Desenvolvimento da Pecuária Leiteira do Estado de Rondônia - Fundo Proleite.
 
O projeto Transtec-Leite, realizado em parceria com a Embrapa-RO, visa contribuir para o fortalecimento da cadeia produtiva do leite por meio de pesquisa científica, validação e transferência de tecnologias voltadas para a melhoria da eficiência dos sistemas de produção de leite no estado. Valor investido: R$ 3.203.493,00.
 
O Inovatec-leite propõe ações calcadas no desenvolvimento da inovação e tecnologia na atividade leiteira em Rondônia e Melhoria do padrão tecnológico do rebanho, com apoio do Sebrae-RO, que dentre outras ações estão os investimentos em Educação Empreendedora no campo e tecnologias como Fertilização in Vitro (FIV) e Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF). Valor investido: R$ 8.610.235,00.
 
Já o Consultec-leite será executado pela Emater-RO, visa desenvolver a cadeia produtiva da bovinocultura leiteira, por meio de consultorias baseadas na metodologia do Programa Balde Cheio, com a capacitação continuada para prestar consultoria em gerenciamento financeiro e zootécnico, em propriedades leiteiras de produtores rurais. Valor investido: R$ 16.038.136,85.
 
O Governo do Estado através do programa Mais Calcário investiu R$ 13 milhões do Fundo Proleite no transporte de mais de 60 mil toneladas de calcário para Agricultures familiares da Pecuária leiteira, utilizados para recuperar 20 mil hectares de solos degradados. 
 
Também investiu mais de R$ 2,5 milhões para aquisição de equipamentos e implementos agrícolas para inovação tecnológica e facilitar o trabalho dos produtores de leite de Rondônia.
 
A distribuição de nitrogênio subsidiado foi garantida com recursos aplicados na Usina de Nitrogênio (Porto Velho, Centrer) R$ 505.954,00 e Usina de Nitrogênio (Colorado) - R$ 246.604,00 - para reformas e manutenção de equipamentos. 
 
Durante a Rondônia Rural Show foi realizada a 3ª Rondoleite e 1º Conqueijo. No Centro tecnológico da Rondônia Rural Show está sendo construído o Pavilhão da Bovinocultura no valor de R$ 2.030.803,70.
 
O Governo de Rondônia é um dos poucos governos a custear o cálculo do preço do leite, Conseleite, onde o cálculo do preço do Leite gira em torno de  R$ 500 mil reais por ano, com objetivo de fomentar o desenvolvimento da atividade.
 
O projeto de Fecundação in Vitro - FIV executado pela Emater - garantiu prenhezes às vacas dos produtores e consequentemente o avanço no melhoramento genético do rebanho, para o qual foram investidos em torno de R$ 750.000,00.
 
A Seagri realizou parceria com OSCIP para subsídio a crédito para aquisição de animais com aptidão leiteira (R$ 1.050.000,00). Dessa maneira, o Governo do Estado através da Seagri não poupa esforços para alavancar a cadeia produtiva, ouvindo os atores e realizando investimentos necessários ao produtor de leite.
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