O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pediu autorização à Câmara dos Deputados, através do presidente Hugo Motta (Republicanos-PB), para exercer seu mandato diretamente dos Estados Unidos, onde se encontra desde fevereiro.
O parlamentar e filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que alega sofrer perseguição política e jurídica no Brasil, solicita a criação de mecanismos, semelhantes aos adotados durante a pandemia da Covid-19, que o permitam exercer a função remotamente. O ofício encaminhado a Motta foi obtido pelo g1.
Não vai renunciar ao cargo
Apesar de ter se afastado do cargo parlamentar entre março e julho por motivos pessoais, Eduardo Bolsonaro teria reforçado que não vai renunciar de seu mandato. Ele ainda afirma que tem atuado, como deputado federal, em agendas nos EUA.
O político tem se reunido com representantes do governo norte-americano em articulações para tentar fazer pressão sobre o judiciário brasileiro no julgamento do pai sobre as supostas tentativas de golpe e para anistia aos presos do 8 de janeiro.
Nesta quarta-feira (27), ele participou por videochamada de uma audiência na Câmara, em que defendeu um perdão aos condenados pelos ataques às sedes dos Três Poderes.
Desde que sua licença de 120 dias terminou, em julho, o deputado tem acumulado faltas injustificadas na Casa. Eduardo já afirmou anteriormente que não tem previsão de retornar ao Brasil.
Indiciamento e ataques ao STF
Eduardo Bolsonaro e seu pai, Jair Bolsonaro, foram indiciados no último dia 20 por coação a autoridades responsáveis pelo processo que analisa e julga as supostas tentativas de golpe de Estado em 2022.
A Polícia Federal aponta que ele atuou na articulação com os EUA em medidas para atrapalhar o andamento do processo. Segundo a PF, suas ações 'buscam atingir diretamente instituições democráticas brasileiras, notadamente o Supremo Tribunal Federal e, até mesmo, o Congresso Nacional Brasileiro'.
Na audiência da qual participou nesta quarta, Eduardo afirmou que 'inventaram' um crime contra ele, e ameaçou com sanções nos EUA as autoridades que apoiam o ministro Alexandre de Moraes.
'Se outras autoridades brasileiras decidirem seguir os passos dele, corroborarem essa conduta, eles vão estar incursos no mesmo tipo de penalidades. A Lei Magnitsky é uma lei que exige uma burocracia, no entanto todos aqueles que apoiam o violador, aquele já sancionado, eles automaticamente podem ter contra eles aplicadas as chamadas sanções secundárias, que basicamente são as mesmas sanções contra o Alexandre de Moraes' , disse.
O Portal iG entrou em contato com a assessoria de Eduardo Bolsonaro e com a da Câmara dos Deputados para ter acesso ao pedido feito pelo parlamentar. As informações serão atualizadas assim que tivermos resposta.