POUCAS OPÇÕES: Escolas de PVH servem merenda escolar sem valor energético para alunos

Nos últimos dias, o Rondoniaovivo tem denunciado uma série de problemas envolvendo as escolas de Ensino Fundamental de Porto Velho, que estão sob a responsabilidade da Secretaria Municipal de Educação (Semed).

Agora, o problema da vez é bastante sério, segundo pais e professores que procuraram o jornal eletrônico: em algumas escolas, quase todos os dias, alunos recebem apenas suco artificial ou achocolatado com bolachas água e sal ou rosquinhas de côco.

Um desses casos seria na creche municipal, bastante tradicional e conhecida na cidade, a Marise Castiel, localizada no Bairro Pedrinhas, zona Norte da capital.

“Fora isso, as crianças lancham no sol. Ainda há outros problemas: nunca teve prestação de contas nem foi divulgada e exposta na escola. Ainda há pedidos de material escolar. O conselho foi formado de maneira irregular. Só há dois pais, o restante tudo funcionário. Isso não está de acordo com o regimento escolar”, desabafou uma professora que atua na unidade.

Crianças lanchando no sol na Creche Marise Castiel - Foto: Rondoniaovivo

Uma mãe que tem uma filha na creche Marise Castiel concorda com as denúncias feitas.

“Tivemos acesso a essas fotos feitas no último dia 10 de março. Serviram achocolatado com biscoito, que não tem no cardápio ‘oficial’ da Semed. E soube por meio de conhecidos que todas as escolas municipais pedem material escolar”, comentou ele.

Mães que tem filhos na Escola Municipal Manoel Aparício de Almeida, no Bairro Cidade Nova, zona Sul de Porto Velho, disseram que os alunos de lá não estão tendo acesso à merenda escolar com qualidade adequada.

“Quase todos os dias, meu filho diz que lanchou bolacha com suco, daqueles artificiais. Quando tem algo diferente, ele diz. Às vezes servem sopa ou mingau”, pontuou ela, que tem um garoto de 07 anos de idade.

Vídeo mostra armazenamento inadequado de produtos servidos às crianças na Marise Castiel

Gastos

O Rondoniaovivo teve acesso à lista de material escolar pedido para as crianças da creche III, Pré I e Pré II.

Entre os itens exigidos para uso coletivo (de todos os alunos) há caixa de tinta guache, pincel para pintura, EVA de cada cor (azul, amarelo, vermelho, verde, rosa, branco, preto), caixas grandes de massinha de modelar, caixa de hidrocor, fita transparente larga, fita dupla face, fita crepe, resma de papel sulfite, entre outros.

Ainda há os itens de uso pessoal e exclusivo: caderno grande de desenho, cadernos grandes de brochura, caderno pequeno para agenda, seis lápis nº 02 HB etc. A lista completa estará disponível no final desta reportagem.

“E essa lista custa em torno de uns 300 reais, pelo menos, se não levarmos em conta as marcas. Eu imagino quem não tem esse dinheiro disponível. Como é que as crianças estudam sem material?”, observou uma outra mãe.

Não bastasse isso, a Marise Castiel parece que está em uma obra de reforma interminável que tem atrapalhado o aprendizado das meninas e meninos.

“A escola também começou uma reforma em agosto de 2022 e ficou sem aula até final de novembro. Voltaram em dezembro só para disfarçar, pois tinham dado um prazo para a comunidade de 65 dias. A obra continua até hoje. Para levar a merenda às salas, uma servidora precisa subir uma escada enorme com comida quente”, revelou uma outra mãe.

E continua: “Essa sala que a mulher saiu é uma cozinha provisória. Ela sai de lá com a panela na mão e sobe as escadas com a panela quente. Para completar, essa pessoa não é a merendeira”.

Print de vídeo mostra servidora carregando panela quente embaixo de chuva - Foto: Reprodução de vídeo

Nos últimos dias, já não bastasse a agonia de verem os filhos lanchando no sol e com alimentação inadequada, os pais receberam um pedido com “gosto amargo”: para celebrar a Páscoa, os pais e responsáveis devem enviar uma contribuição de 20 reais até o dia 31 de março.

“Dúvidas, entre em contato com a professora de sua criança. A direção”, resume o texto entregue a todos.

Pedido de colaboração de 20 reais para Páscoa das crianças na Marise Castiel - Foto: Rondoniaovivo

Problemas

Depois da denúncia feita em redes sociais, a diretora da Marise Castiel, em grupos de WhatsApp de pais e professores admitiu o problema, mas destacou que foi algo pontual.

“Foto de nossa escola sim. Em razão de dias que foi necessário adequar o lanche para não dispensar aula. Razão: falta de merendeira, cozinha em reforma, dias de chuva que impossibilitaram servir comida, pois a cozinha está lá embaixo e todas as dificuldades internas que têm ocorrido. Porém, não procede a informação de somente biscoito com achocolatado”.

Print de grupo de WhatsApp de pais e professores, onde diretora admite imagens, mas alega que foi algo pontual - Foto: Reprodução de tela

E completa: “Todos sabem disso. As peculiaridades foram tratadas em nossa reunião de pais. Estou à disposição para qualquer esclarecimento”.

Logo abaixo, o pedido de uma mulher que se identifica como supervisora: “Não postem essa imagem nos grupos”.

Supervisora ainda destaca para não enviarem determinadas imagens no grupo - Foto: Reprodução de tela

Entramos em contato com a assessoria de comunicação da Prefeitura de Porto Velho, que nos informou que “recebemos a demanda e encaminhamos para a pasta responsável”. Até o fechamento desta reportagem não houve retorno, mas caso haja algum posicionamento, garantimos o espaço e faremos a atualização deste texto.