ALERTA: Pesquisadora da UNIR pede cautela no uso da água do Rio Madeira

Segundo ela, atividades como hidrelétricas e mineração, impactam no canal do curso d’água

ALERTA: Pesquisadora da UNIR pede cautela no uso da água do Rio Madeira

Foto: Saul Ribeiro / Prefeitura de Porto Velho - Divulgação

Nesta semana foi comemorado o Dia Mundial da Água, no dia 22 de março (quarta-feira). Porém, é um bem essencial que está ficando cada vez mais raro em algumas regiões do planeta, causando até conflitos armados.

 

Quem também faz uma análise dessa situação, especialmente em Rondônia, é Tatiane Checchia, coordenadora do laboratório de águas (hidrotecnia) da Engenharia Civil da Universidade Federal de Rondônia (UNIR).

 

Para ela, “a Amazônia tem o maior potencial hídrico do mundo. A Amazônia só é a Amazônia no mundo por causa da nossa disponibilidade hídrica. Os maiores rios em volume d’água do mundo estão aqui. Porto Velho tem um índice grande de chuvas, com um índice médio de precipitação de 2.200 milímetros. Isso significa que se eu guardar toda essa água, sem nenhuma perda, terei 2,20 metros de água. Sem água, não tem Amazônia”.

 

A engenheira civil explica o que é a hidrotecnia e qual a função do laboratório de águas na área.

 

“Apesar de não ser muito abordada, é uma das grandes áreas da Engenharia Civil. É onde fazemos os estudos hidrotécnicos e hidrológicos do setor. É onde fazemos os cálculos para saber como vão se comportar os dispositivos hidráulicos, de drenagem, como rede de água, de esgoto, aproveitamentos hidrelétricos e barragens, por exemplo”.

 

A professora da UNIR destaca que o setor que faz o estudo do uso das águas de forma correta, aponta que o departamento está aberto à comunidade, para quem quiser conhecer.

 

“Temos alguns momentos do ano que chamamos de UNIR de Portas Abertas, onde já recebemos alunos dos Ensinos Fundamental e Médio para nos visitarem, além da população em geral que querem nos visitar e conhecer o departamento de Engenharia Civil”, explicou Tatiane Checchia.

 

Situação atual

 

A pesquisadora avalia que a cada ano que passa, há menos água limpa e em boa quantidade para todos, mesmo na Amazônia, tão conhecida por ter o líquido em abundância.

 

“Antes, o ciclo da água acontecia de forma distribuída durante um ano. Agora, muitas vezes acontece de forma concentrada e em um período do ano, por conta das alterações provocadas pelo homem. Hoje, a gente não tem água em quantidade necessária e em qualidade para fazer esse uso. Os conflitos pelo uso da água estão cada vez mais constantes, inclusive em nossa região”.

 

A especialista pontua como o Rio Madeira tem vários usos e como eles impactam no dia a dia de todos.

 

“O uso da água do Rio Madeira tem quatro áreas: hidrelétrico, por causa das usinas, navegação, pesca e mineração. Um desses exemplos envolve as usinas e a navegação. Com seus reservatórios, elas guardam a água para usarem no período de estiagem e isso afeta a jusante, que é após as barragens. Com a navegação, você precisa de um nível mínimo para isso”.

 

Engenheira civil Tatiane Checchia em entrevista esta semana ao Conexão Rondoniaovivo, apresentado por Ivan Frazão - Reprodução de vídeo

 

E completa: “Ainda tem a mineração. Quando você faz isso de forma organizada, ainda há o revolvimento do fundo do rio. Você tira o sedimento de um ponto para colocar em outro. Isso atrapalha a navegação, pois as pessoas não sabem onde está o canal do rio. Os ribeirinhos são muito impactados por conta desses usos múltiplos. Em alguns locais, eles sequer conseguem retirar água do rio. Na mineração, você tem o uso de metais, que acabam alterando a qualidade da água”.

 

Perguntada pelo Rondoniaovivo se um dia a água do Madeirão poderia acabar, especialmente com os cenários das secas, onde as pessoas andam por centenas de metros com o rio seco ou com baixíssimo nível, ela disse que isso pode ser raro, mas não impossível.

 

“O Rio Madeira tem uma bacia de mais de 1 milhão de quilômetros quadrados e suas nascentes são na Bolívia. Sem contar que ainda recebe água de grandes afluentes como o Mamoré e Guaporé. Então seria uma situação muito drástica. Porém, as vazões mínimas estão cada vez mais mínimas nos últimos anos”.

 

Tatiane ainda comentou a possibilidade feita pelo jornal eletrônico, se os estados da região Amazônia, especialmente Rondônia, poderiam se aproveitar da falta d’água em relação a outras regiões do país.

 

“Acho que a gente tem que primeiro cuidar da nossa casa. Quanto mais a gente faz modificações no nosso meio natural, pior a situação fica. A gestão do uso do solo impacta na nossa sustentabilidade hídrica. Hoje não temos isso. Com o avanço dessas áreas ligadas ao agronegócio, impacta na disponibilidade hídrica”, observou.

 

Para ela, para usar a água de forma racional, aliando economia, meio ambiente e disponibilidade do bem essencial, é preciso utilizar muito a ciência e o planejamento.

 

“A Agência Nacional de Águas faz um Plano Nacional de Segurança Hídrica. Ele aponta que estamos em uma situação confortável, em relação ao país. Porém, em escala local, quando estamos na época de estiagem, ficamos em uma situação preocupante, pois o nível do rio fica extremamente baixo. Precisamos avançar em estudos e investimentos para saber até onde podemos ir”, disse Tatiane Checchia.

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