Não é de agora que a opinião pública atribui à maioria dos políticos e administradores da coisa pública o costume de fazer ouvido de mercador aos clamores que vêm de fora dos ambientes refrigerados.
Entretidos em negociações que podem chegar mesmo a registros deploráveis e vergonhosos, muitos só raramente dão ouvidos ao que ocorre nas ruas e praças públicas. Às vezes, a audiência acompanha as reivindicações populares. Ainda está na memória de muitos rondonienses o excêntrico processo de federalização do Banco do Estado de Rondônia, o falido Beron.
Na época, o comandante-em-chefe do estado chamava-se Valdir Raupp, hoje, senador e aliado político do PT, com direito a indicar cabos eleitorais para postos de mando, sobretudo na administração do prefeito Roberto Sobrinho. Na maioria dos casos, porém, a surdez predomina, frustrando a população e alargando ainda mais o fosso que a separa dos ditos representantes do povo. Assim, ficam os desesperançados, os humildes, os espoliados e massacrados, à mercê da ação deletéria dos que entendem ser o serviço público um repasto à satisfação de deleite pessoal, partidário ou de grupelhos.
E o escândalo da Ceron, vendida a preço de banana pobre. Somem-se a isso a compra de frangos e a marmelada das passagens aéreas, cujo processo se arrasta há quinze anos, sem que ninguém tenha ressarcido um centavo aos cofres da Assembléia Legislativa de Rondônia. Pelo contrário. Houve, inclusive, quem fosse premiado com uma cadeira na Câmara Federal. A rigor, coisas como essas não são novidades nas práticas políticas e administrativas local. Não esqueçamos, portanto, das denúncias cabeludas envolvendo o serviço de infra-estrutura e pavimentação da rua José Vieira Caúla, para as quais o Ministério Público Federal já deveria ter exigido respostas concretas.
Não é de hoje, nem são escassos os exemplos dessas e de outras lamentáveis bandalheiras, que acabam jogando no charco a imagem da classe política, levando de roldão muitos cidadãos decentes e deixando os verdadeiros culpados no gozo dos benefícios decorrentes das ilicitudes. No próximo ano, haverá eleições. Que o eleitor rondoniense pense seriamente sobre isso antes de votar e faça uma escolha sem parcionalismo ou apelo ao entusiasmo do momento, para não cometer a esparrela de eleger lobos travestidos de cordeiros.