A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta sexta-feira (31/10), a oitava fase da Operação Overclean, com o intuito de desarticular uma organização criminosa suspeita de envolvimento em fraudes licitatórias, desvio de recursos públicos, corrupção e lavagem de dinheiro.
Agentes cumpriram cinco mandados de busca e apreensão e o sequestro de valores obtidos de forma ilícita, em Brasília (DF), São Paulo (SP), Palmas (TO) e Gurupi (TO). As ordens foram expedidas pelo ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Um dos alvos é o secretário nacional do Podemos, Luiz França. Outros são Éder Martins Fernandes, ex-secretário de Educação do governo de Tocantins; Claudinei Aparecido Quaresemin, ex-secretário extraordinário de parcerias e investimentos do governo de Tocantins; e Itallo Moreira de Almeida, ex-diretor da secretaria de educação de Goiânia.
Nesta sexta-feira, agentes cumpriram mandados em endereços relacionados aos quatro citados acima e a empresários que fariam parte de esquema de corrupção. A ação tem o apoio da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Receita Federal.
“Os investigados poderão responder pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitações e contratos administrativos, além de lavagem de dinheiro”, disse a Polícia Federal em nota.
Um dos alvos conseguiu fugir na primeira fase da operação
Itallo de Almeida foi alvo na primeira fase da Overclean, em dezembro de 2024, quando era o diretor Administrativo da Secretaria Municipal de Educação de Goiânia. Ele havia sido nomeado em 20 de agosto.
O investigado foi exonerado em 10 de dezembro, mesmo dia da deflagração da Overclean, que incluiu mandado de prisão contra o servidor e determinação de afastamento de cargos públicos. Mas ele conseguiu fugir.
Itallo de Almeida é investigado pela atuação como servidor da Secretaria Estadual de Educação do Tocantins, quando teria obtido recursos para favorecer contratações de empresa do grupo. Segundo a PF, ele recebeu R$ 172.590 transferidos a contas indicadas por ele aos empresários também investigados.
Itallo de Almeida foi nomeado para o cargo em Goiânia com o então novo secretário de Educação do município, Danilo de Azevedo Costa, que também teve atuação no Tocantins e substituiu Millene Baldy no comando da pasta.
Fraudes em contratos ligados ao Dnocs
A primeira fase da Overclean foi deflagrada em dezembro de 2024. Na ocasião, policiais federais prenderam 16 pessoas nos estados da Bahia, São Paulo e Goiás.
A Overclean teve origem após a PF identificar fraudes em contratos ligados ao Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs). Recursos de emendas parlamentares teriam sido destinados a obras superfaturadas e serviços inexistentes em municípios da Bahia.
O esquema, que chegou a movimentar mais de R$ 1,4 bilhão, se repetia em diferentes cidades com o uso de empresas de fachada para simular concorrência.
Nas demais fases da Overclean, agentes cumpriram mandados mandados contra alvos com foro privilegiado, muitos deles caciques do União Brasil. Agentes apreenderam muitos documentos, dinheiro e vários itens de luxo, além de celulares e computadores, que têm levado a mais suspeitos.