DESÂNIMO: População acredita que campanha eleitoral está ‘morna’ em Rondônia

Para alguns eleitores, mesmas figuras e falta de propostas marcam período

DESÂNIMO: População acredita que campanha eleitoral está ‘morna’ em Rondônia

Foto: Horário eleitoral gratuito não empolga nem decide voto dos eleitores - Reprodução/Agência Senado

Faltando exatos 17 dias para o primeiro turno das eleições 2022, o eleitorado rondoniense parece bem desanimado para ir às urnas. O motivo seria “mais do mesmo”.

 

Ao Rondoniaovivo as pessoas demonstraram que há poucas figuras novas, que façam uma efetiva renovação nos poderes Executivo e Legislativo. Além das propostas rasas, onde os candidatos não explicam como vão fazer, apenas dizem que vai acontecer.

 

“Estou observando mais em nível nacional que local. Em Rondônia, vejo uma campanha morna, com pouca apresentação de propostas. Muito se fala em fazer, mas não explicam como fazer. Estamos a poucos dias da eleição e eu ainda não decidi nenhum candidato”, lamentou a jornalista Ivanete Damasceno.

 

A impressão é compartilhada pela bacharela em Direito e cabelereira, Luanda Mello: “Vejo alguns políticos, figurinhas carimbadas, querendo manter o cargo público e fazer carreira. Falta representatividades, pessoas que entendam as necessidades do povo, por ter vindo do povo. Grande parte dos políticos são homens brancos, ricos, que fazem da política, uma carreira. Pai, filho, sobrinhos... E vão aumentando cada vez mais suas riquezas com o dinheiro do povo”.

 

Para ela, o desânimo vai tomando conta aos poucos: “Não acredito nas promessas da grande maioria, por falta de compromisso com o Estado. Não vejo este retorno na saúde, educação e nas demais esferas sociais. Acho maçante, esta forma de politicar. Acho injusto, por terem pessoas mais ricas que podem investir mais em pouco tempo de campanha”, comenta Luanda.

 

E lamenta: “Excessos, poluição visual e auditiva. Há anos esta forma de politicar nas campanhas eleitorais. Não concordo, embora gere, por pouco tempo, alguns empregos. Se as verbas fossem aplicadas da forma correta, pessoas não iriam ter que se humilhar no sol quente por R$ 50”.

 

Sem mudanças

 

Em qualquer região do estado ou em Porto Velho, cidade mais populosa de Rondônia, as impressões é de que não há muita “gana” ou vontade de fazer diferente na política.

 

“Acho que regionalmente, de eleição em eleição temos os mesmos candidatos já conhecidos há muitos anos na cidade querendo migrar no parlamento. Poucos são os que além da campanha, divulgam números de trabalho já que estão há tanto tempo exercendo função no Legislativo/Executivo. Poucos são os novos que conseguem uma vaga”, afirma Rhuan Pereira, de 28 anos, que é residente judicial e mora no Bairro Mocambo, Centro da capital.

 

Para Rhuan, falta mais cobrança dos políticos, por parte da própria população, que vota e “esquece” até em quem votou.

 

“Falta muito as pessoas se atentarem: em qual está sendo o trabalho do parlamentar, qual é o apoio dele, etc. Como são vagas que não tem um limite de reeleição, acabam que já estão há muito tempo oferecendo o mínimo. Não acredito nas promessas, pois o que não existe na população é cobrança. Tem muita participação nesse momento político, só que logo após o povo fica apático. As promessas não são relembradas ou reassumidas”.

 

Faltando pouco tempo para 1º Turno, candidatos precisam estimular eleitores a votar - Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

 

Impressões

 

O cientista político e professor da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), João Paulo Viana, analisa o perfil dos atuais candidatos ao Governo do Estado.

 

“Hoje, as chances de um segundo turno bolsonarista entre Marcos Rocha (UB) e Marcos Rogério (PL) são iminentes. Mas há também candidatos moderados, como Léo Moraes (Podemos) na centro-direita, e Daniel Pereira (Solidariedade) na centro-esquerda. Ambos têm uma tarefa difícil no momento, porém, não podemos descartar as possibilidades de uma reviravolta no quadro atual”.

 

O professor também tem acompanhado mais de perto a campanha eleitoral, onde ele destaca a redução do prazo de propaganda dos candidatos.  

“Desde 2018, a campanha durante as eleições gerais tem apresentado uma dinâmica diferente. Hoje, nós temos uma pré-campanha, ocasião em que realmente começa o período eleitoral, até porque, oficialmente, o prazo da campanha foi reduzido pela metade: de 90 para 45 dias. A pré-campanha tornou-se um momento importante de articulação dos atores políticos. No tocante ao programa de televisão dos candidatos, o HGPE ainda é a principal fonte de informação durante o período eleitoral”.

 

E complementa: “Com a redução do período oficial de campanha, o horário eleitoral na TV é ainda mais importante para candidatos e eleitores. Na campanha rondoniense há uma série de críticas muito forte dos candidatos ao atual governador, principalmente em temas como saúde, segurança pública e infraestrutura. Por outro lado, temas como agronegócio e as questões religiosas, dos valores morais e dos costumes aparecem com bastante intensidade, o que até comprovaria a agenda ultraconservadora que domina a política rondoniense”.

 

Para o analista político, isso daria a impressão de que os principais candidatos estão focando mais em atender determinados grupos ideológicos e segmentos  societários, ao passo que questões de relevância para a sociedade como um todo estão sendo negligenciadas.
 
“Temas como agronegócio, valores morais e costumes têm uma exposição demasiada por parte dos candidatos que estão liderando as pesquisas. Não observamos o mesmo em relação a assuntos como educação e meio ambiente, que parecem estar fora das prioridades. No tocante ao meio ambiente a impressão é que se trata de uma anti-pauta”. 

 

Viana continua a análise enfatizando a influência de determinados setores econômicos na campanha eleitoral rondoniense. 
 
“Isso comprova a força do agronegócio, que, de fato, é importante. Mas ao mesmo tempo empobrece o debate público. Atualmente  há técnicas modernas que podem contemplar o desenvolvimento do agro com a preservação ambiental. Infelizmente, não observamos essa agenda prosperar na campanha. Enquanto isso,  estudos recentes, por exemplo, mostram que Rondônia possui a pior qualidade do ar no mundo. E essa discussão não aparece na pauta dos principais candidatos, o que é muito preocupante", finaliza João Paulo Viana.
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