Dentre as inúmeras manifestações de violência imperante na capital portovelhense, destaca-se à eliminação física de pessoas, em geral em lugares ermos da cidade.As campanhas publicitárias revelam que os índices de criminalidade estão em queda, mas a realidade contrasta com os números oficiais.
No passado, extinguiu-se organismo policial que se afirmava ineficiente e formador de toda a sorte de violência, mas só isso não foi suficiente para reduzir os números macabros da marginalidade, principalmente daqueles que alimentam a lista dos considerados insolúveis. É muito fácil – mas nem por isso aceitável – atribuir à onda de violência que domina Porto Velho ao crescimento desordenado da cidade.
De urbe acanhada, em menos de vinte anos, Porto Velho passou a centro econômico de relativa importância. Mas isso não responde, exclusivamente, pelos números terríveis da violência. Há, ainda, os que encontram a mais pobre resposta que se poderia dar a situação, qual seja o preço do progresso.
Coloca-se, assim, o cidadão médio, diante de triste dicotomia, ou seja, preferir o atraso e as dificuldades dele decorrentes, ou aceitar, passivamente, as conseqüências do que afirma ser o progresso. Pior forma de enfocar o problema da violência não se poderia encontrar. Incapazes de identificar e compreender as causas dos fenômenos que nos angustiam, autoridades, políticos e lideranças sindicais de diferentes setores deixam de estudá-los, convenientemente, para simplesmente adotar medidas que só de maneira superficial se dirigem a solucioná-los.
Enquanto isso, centenas de pessoas continuam perdendo suas vidas, nos muitos varadouros dos arredores da cidade, ou, então, nos becos e nas ruas onde a polícia não consegue entrar. Por muitos motivos, dentre eles, a falta de acesso.
Até hoje, a anunciada alteração na estrutura da segurança pública, com vistas a reduzir os crescentes índices de violência, a pós a estrepitosa mudança nos escalões superiores do setor, está distante, muito distante de concretizar-se.
De concreto, mesmo, só a facilidade com os facínoras vêm atuando, nos mais diferentes cantos da cidade. A criação de órgãos policiais, que se julgava ser o condão para fazer refluir os dados assustadores da bandidagem, ainda não ultrapassou as fronteiras da promessa. Logo, quando a população, cansada de esperar e desnorteada a respeito do que fazer, decidir encontrar suas soluções pelas próprias mãos (como, de fato, já se observa em algumas situações), aí então todos procurarão encontrar respostas quem, além de tardia, só servirão para gravar ainda mais os problemas enfrentados pela sociedade.