Os dados revelam que quase metade ainda ocorre em áreas protegidas como reservas e terras indígenas
Foto: Divulgação/Operação
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O monitoramento mais recente da Rede Simex revela que a exploração madeireira ilegal em Rondônia apresentou redução proporcional, mas segue como um desafio relevante, especialmente por atingir áreas ambientalmente sensíveis. De acordo com dados obtidos por imagens de satélite, foram mapeados 26.262 hectares de exploração madeireira no estado no último ciclo analisado, o que representa um aumento de 16% em relação ao período anterior.
Apesar da expansão da atividade, o levantamento aponta avanço na regularidade das operações. Do total identificado, 79% da área explorada (20.816 hectares) estava amparada por autorizações legais de Manejo Florestal Sustentável, enquanto 21% (5.446 hectares) foi classificada como exploração não autorizada. No ciclo anterior, a ilegalidade correspondia a 37%, o que indica uma redução de 35% na proporção de áreas irregulares.
Ainda assim, a exploração ilegal permanece como um sinal de alerta por ocorrer, em grande parte, dentro de territórios protegidos. Do total não autorizado, 26% aconteceu em Unidades de Conservação (1.415 hectares) e 23% em Terras Indígenas (1.257 hectares). O restante se distribuiu entre imóveis rurais cadastrados (37% ou 2.023 hectares), terras não destinadas (7% ou 393 hectares) e assentamentos rurais (7% ou 358 hectares).
Segundo a analista técnica do Imaflora, Júlia Niero, o monitoramento permite diferenciar a atividade legal da exploração predatória. “O Simex ajuda a separar o que é manejo planejado e licenciado do que é exploração sem controle. Ao mostrar onde a ilegalidade se concentra, a ferramenta oferece um mapa para ações de fiscalização direcionada, revisão de controles locais e medidas preventivas”, destaca.
Entre as áreas protegidas mais afetadas pela exploração não autorizada, a Terra Indígena Kaxarari lidera com 1.257 hectares, o equivalente a 47% do total registrado nesses territórios. Na sequência aparecem a Floresta Nacional de Jacundá, com 895 hectares (33%), a Estação Ecológica Samuel, com 364 hectares (14%), e a Reserva Extrativista Jaci-Paraná, com 156 hectares (6%).
O estudo também aponta forte concentração territorial da ilegalidade. Toda a exploração madeireira não autorizada ocorreu em apenas sete municípios de Rondônia, sendo que 85% do total se concentrou em três deles: Porto Velho, com 3.067 hectares (56%), Candeias do Jamari, com 912 hectares (17%), e Pimenteiras do Oeste, com 669 hectares (12%).
Para Leonardo Sobral, diretor de Florestas e Restauração do Imaflora, os dados mostram um cenário ambivalente. “A área total explorada aumentou e a maior parte está autorizada, mas a presença de ilegalidade em Terras Indígenas e Unidades de Conservação exige resposta rápida, com ações de comando e controle, além de mais transparência para proteger os territórios e fortalecer a legalidade”, afirma.
A Rede Simex é formada por Imazon, Imaflora e ICV e atua no monitoramento da exploração madeireira na Amazônia por meio de imagens de satélite. Criado em 2008, o Sistema de Monitoramento da Exploração Madeireira (Simex) avalia a conformidade das atividades com autorizações ambientais, contribuindo para o combate à exploração ilegal e para a proteção das florestas amazônicas.
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