Daniel Pereira*
Na última sexta-feira, em Porto Velho/RO, o Presidente da República do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva, e o Presidente da Bolívia, Luis Arce, assinaram o contrato para o início da construção de uma ponte binacional sobre o Rio Mamoré, na fronteira entre os dois países.
Essa obra, aguardada há 122 anos, consolida o Tratado de Petrópolis, celebrado em 1903. O acordo, que pôs fim à disputa pelo território boliviano onde hoje se encontra o estado do Acre, previa a construção de uma ferrovia para facilitar o escoamento da produção da Bolívia.
A lendária Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, iniciada em 1907 e concluída em 1912, foi a solução encontrada na época para transpor as barreiras naturais entre Guajará-Mirim e Porto Velho. No entanto, a ponte que ligaria os dois países nunca foi construída.
Fruto dessa histórica ferrovia, nasceram as duas cidades mais antigas da região, Porto Velho e Guajará-Mirim, que até 1977 eram os únicos municípios do então Território Federal de Rondônia.
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A ponte e os benefícios para a região
Em pronunciamentos, os dois líderes destacaram a importância da ponte para o intercâmbio comercial entre o Brasil e a Bolívia. A estrutura vai facilitar o escoamento de produtos bolivianos, como madeira e castanha.
A Bolívia poderá ser a fornecedora de sal para consumo bovino para os rebanhos de Rondônia e estados vizinhos.
Em contrapartida, a Bolívia poderá adquirir em Rondônia máquinas, equipamentos agrícolas, fertilizantes e outros produtos necessários para o desenvolvimento de seus departamentos do norte, Beni e Pando.
A obra, quando combinada com a pavimentação da rodovia boliviana que liga Riberalta a Trinidad, no departamento do Beni, permitirá uma nova rota para quem viaja para o sul do Brasil, encurtando a distância em centenas de quilômetros.
No futuro, com pequenos investimentos locais, será possível ligar a Amazônia e a Patagônia por via rodoviária, criando uma nova rota de integração entre Brasil, Bolívia, Paraguai e Argentina.
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Um gesto de integração
Um dos pontos altos do evento foi a frase dita pelo líder boliviano: "Enquanto alguns constroem muros, outros constroem pontes".
A feliz declaração é uma clara alusão a Donald Trump, atual presidente norte-americano, o qual constrói muros na fronteira mexicana, visando isolar o México e toda a América-Latina.
O encontro dos dois "Lulas" foi um gesto concreto daqueles que ” preferem construir o futuro a apenas com ele sonhar”.
Viva aos presidentes Lula e Arce!
Viva ao Brasil e à Bolívia!
Viva à integração dos povos latino-americanos!
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*Daniel Pereira é advogado e ex-governador de Rondônia (2018).