Erra na estratégia é prenúncio de derrota
A política rondoniense começa a desenhar os contornos da eleição de 2026 marcada por dilemas estratégicos que podem redefinir destinos de figuras históricas. De um lado, o ex-governador Ivo Cassol, que carrega a força da memória administrativa no Executivo, mas corre o risco de insistir numa candidatura ao Senado onde seu histórico é frágil e pouco lembrado. De outro, a família Donadon, que vive o impasse provocado pela movimentação de Melki em direção a uma cadeira já consolidada por Rosângela. Em ambos os casos, a precipitação e a leitura equivocada do cenário podem transformar potenciais vitórias em desgastes irreversíveis. A lição é clara: na política, tão importante quanto ter capital eleitoral é saber calcular a hora certa de usá-lo.
O impasse de Ivo Cassol
A situação jurídica do ex-governador Ivo Cassol continua indefinida, e sua candidatura às eleições de 2026 permanece uma incógnita. Enquanto os tribunais não batem o martelo, o próprio Cassol já manifestou a intenção de disputar o governo de Rondônia. Nos bastidores, entretanto, ganha corpo a possibilidade de que ele se candidate ao Senado, caso esteja liberado.
Governo como destino natural
Nas pesquisas quantitativas realizadas pelo IHPEC, Cassol aparece como um dos nomes mais fortes na disputa pelo governo. A lembrança do eleitor sobre os dois mandatos entre 2003 e 2008 ainda é muito viva, marcada pelas obras de infraestrutura e pelo asfaltamento das estradas estaduais. Para uma parcela expressiva do eleitorado, o destino natural de Cassol é novamente o Executivo.
O desafio no Senado
Se optar por tentar o Senado, Cassol enfrentará um problema que beira o “inferno astral”. O levantamento indica que até entre seus eleitores mais fiéis há desconfiança sobre sua atuação como senador entre 2011 e 2018. Para muitos, foi um período sem grandes entregas para Rondônia, em contraste com a lembrança de sua gestão como governador.
Perfil pragmático
O eleitorado vê em Cassol um perfil pragmático e realizador, atributos valorizados no Executivo. Essa percepção ajuda a explicar sua força nas pesquisas para o governo e, ao mesmo tempo, fragilidade numa eventual candidatura ao Senado, onde predomina o papel de articulação política e de representação nacional.
O cálculo eleitoral
Caso dispute o governo, Cassol tem chances reais de chegar ao segundo turno, segundo a leitura dos dados atuais. A depender da configuração do tabuleiro, poderia até polarizar a disputa. Já no Senado, a situação se mostra bem menos favorável, e sua entrada na corrida poderia representar mais riscos do que ganhos.
Conesul em ebulição
No extremo sul do estado, a movimentação de Melki Donadon agita os bastidores. O ex-prefeito de Vilhena ensaia uma candidatura a deputado estadual, mas encontra resistência até mesmo entre aliados. Isso porque a cadeira já é ocupada há três décadas pela família Donadon, hoje representada pela deputada Rosângela Donadon.
Choque familiar
Caso Melki leve adiante o projeto, a harmonia política da família entraria em choque. A leitura predominante é de que ele deveria mirar a prefeitura de Vilhena em 2028, em vez de disputar a Assembleia Legislativa em 2026. A sobreposição de candidaturas pode fragilizar o clã, que construiu sua força política justamente pela unidade estratégica.
O peso da tradição
A família Donadon tem trajetória sólida no Conesul: já emplacou prefeitos em Vilhena e Colorado, um deputado federal — Natan Donadon, afastado há 12 anos — e (a família) mantém de forma quase ininterrupta uma cadeira na Assembleia Legislativa. A tradição pesa, mas também gera cobranças sobre a renovação das lideranças.
Estratégia em risco
Nem de longe Melki ameaça a eleição de Rosângela, que segue firme com seu eleitorado consolidado. Se insistir, Melki pode ser um fiasco nas urnas em 2026, além de romper a aliança política da própria família e acumular mais um erro de estratégia em seu currículo. Por outro lado, tem tudo para ser um candidato forte à prefeitura de Vilhena em 2028 — um caminho que pode ser mais promissor e natural para sua trajetória política.
O tabuleiro em movimento
Com Cassol tentando viabilizar sua volta e os Donadon em meio a dilemas familiares, o cenário político de Rondônia começa a ganhar contornos de disputa intensa para 2026. As próximas semanas, com decisões judiciais e articulações partidárias, devem oferecer sinais mais claros de como se desenhará o jogo.
Lula e o protagonismo ambiental
No discurso na ONU, Lula exaltou o papel do Brasil como guardião da Amazônia. Reafirmou compromissos de preservação ambiental e destacou o avanço na redução do desmatamento. Posicionou o país como liderança global na agenda climática, reforçando a imagem de um Brasil capaz de conciliar desenvolvimento e sustentabilidade.
Brasil como voz do Sul Global
Outro ponto forte do discurso foi a defesa dos países em desenvolvimento. Lula ressaltou que o Brasil fala em nome de uma parcela do mundo que busca mais equidade nas relações internacionais. Destacou o papel do país nos BRICS e a importância de reformas em organismos multilaterais, como a ONU e o Conselho de Segurança.
O Brasil da democracia e da inclusão
Lula também destacou a retomada da democracia como marca da atual fase do Brasil. Exaltou programas sociais, o combate à fome e as políticas de inclusão. Ao apresentar o Brasil como exemplo de estabilidade democrática e justiça social, reforçou sua imagem de liderança política e moral diante da comunidade internacional.
PEC da Blindagem - A Aprovação na Câmara e Sepultamento no Senado
A chamada PEC da Blindagem foi aprovada pela Câmara dos Deputados com forte apoio da base governista. O texto buscava restringir o alcance de investigações contra parlamentares, estabelecendo salvaguardas vistas por críticos como instrumentos de impunidade.
O veto do Senado
No Senado, entretanto, a proposta não avançou. A pressão da opinião pública e de setores jurídicos pesou para o arquivamento. Os senadores consideraram que a medida enfraqueceria o combate à corrupção e traria desgaste institucional.
O impacto político
O episódio revelou a distância entre Câmara e Senado em pautas sensíveis. Também mostrou como a sociedade civil organizada mantém capacidade de pressão. A derrota da PEC da Blindagem no Senado foi interpretada como uma vitória da transparência e da accountability, preservando a imagem das instituições diante da população.
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