*O governo do Estado publicou no Diário Oficial de ontem (01/09), o décimo-quinto aditivo ao contrato de publicidade 007/2001 com a empresa Asa Comunicação para prestação de serviços de publicidade e peças publicitárias educativas e campanhas de órgãos da administração direta e indireta, fundacional e autarquias.
*O valor do aditivo é de R$ 2 milhões. Com isso, o contrato com a Asa Comunicação chega aos R$ 29.380.000,00. De acordo com a lei 8.666/93 (das licitações), um contrato só pode ter um aditivo e seu valor não pode ultrapassar o valor inicial. No contrato com a Asa, o valor não poderia ser superior a R$ 1 milhão.
*No dia 08 de março de 2001, a homologação da concorrência pública nº 015/2001 foi denunciada pela empresa Acauã, uma das participantes do processo de licitação, ao Ministério Público Estadual (MPE). A acusação da Acauã era de que o processo licitatório teria sido direcionado.
*Apesar das denúncias, até hoje o MPE não apresentou qualquer resposta do processo e tampouco das denúncias feitas pelos deputados de oposição. O contrato de publicidade com a Asa foi publicado no Diário Oficial no dia 06 de abril de 2001. Dez meses depois, no dia 28 de janeiro de 2002, foi publicado o primeiro aditivo contratual.
*O contrato original é de R$ 4 milhões. Em 2002, os aditivos somaram R$ 6 milhões. Em 2003, chegaram a R$ 6.280.000. Em 2004 os aditivos do contrato de publicidade chegaram a R$ 7,1 milhões e em 2005, até o dia primeiro de setembro, já computavam R$ 6 milhões.
*Os aditivos
*1º aditivo ? assinado no dia 11 de janeiro de 2002 e publicado no Diário Oficial do Estado no dia 28 de janeiro de 2001.
*2º aditivo ? o segundo aditivo foi de R$ 4 milhões, o mesmo valor do contrato inicial com a Asa Comunicação.
*3º aditivo ? no valor de R$ 2 milhões, foi assinado no dia 30 de outubro de 2002 e publicado no Diário Oficial do dia 12 de novembro de 2002 (13 dias após assinatura do contrato).
*4º aditivo ? assinado no dia 02 de dezembro de 2002 e publicado no Diário Oficial do dia 29 de janeiro de 2003 (58 dias após assinatura).
*5º aditivo ? no valor de R$ 4 milhões, foi assinado no dia 6 de janeiro de 2003 e publicado no Diário Oficial no dia 30 de janeiro de 2003.
*6º aditivo ? no valor de R$ 780 mil, foi assinado no dia 21 de julho de 2003 e publicado no Diário Oficial do dia 22 de setembro de 2003.
*7º aditivo ? assinado no dia 15 de setembro de 2003 e publicado no Diário Oficial no dia 12 de novembro de 2003.
*8º aditivo ? no valor de R$ 1,5 milhão foi assinado no dia 30 de outubro de 2003 e publicado no Diário Oficial no dia 19 de novembro de 2003.
*9º aditivo ? no valor de R$ 4 milhões, foi assinado no dia 02 de janeiro de 2004 e publicado no Diário Oficial do dia 27 de janeiro de 2004.
*10º aditivo ? assinado no dia 02 de agosto de 2004 e publicado no Diário Oficial no dia 20 de janeiro de 2005 (171 dias depois da assinatura).
*11º aditivo? no valor de R$ 1,5 milhão, foi assinado no dia 16 de agosto de 2004 (próximo às eleições municipais) e publicado no Diário Oficial do dia 27 de janeiro de 2005 (164 dias depois da assinatura).
*12º aditivo ? no valor de R$ 1,6 milhão, foi assinado no dia 05 de novembro de 2004 e publicado no Diário Oficial do dia 04 de fevereiro de 2005.
*13º aditivo ? no valor de R$ 4 milhões, foi assinado no dia 03 de janeiro de 2005 e publicado no Diário Oficial no dia 09 de fevereiro de 2005.
*14º aditivo ? assinado no dia primeiro de junho de 2005, foi publicado no Diário Oficial do dia 17 de junho de 2005.
*15º aditivo ? o mais recente aditivo ao contrato com a Asa Comunicação tem o valor de R$ 2 milhões e foi publicado no Diário Oficial do dia primeiro de setembro de 2005.
*Folha de São Paulo denuncia
*Em matéria assinada pelos jornalistas Fernando Canzian e Fernando Rodrigues, o jornal Folha de São Paulo estampou a seguinte manchete no dia 04 de julho deste ano sobre o contrato entre o governo e a empresa Asa Comunicação: ?Acre reajusta contrato em 585%?.
*Na matéria, os jornalistas informam que o valor do contrato de publicidade passou de R$ 4 milhões para R$ 27,4 milhões, contrariando alguns pontos da lei 8.666/93 (das Licitações). Segundo os jornalistas, os 13 aditivos somavam até a presente data 585% do valor original do contrato.
*Eles informam, ainda, que os primeiros aditivos aconteceram em 2002, ano da campanha que reelegeu o governador Jorge Viana (PT) ao governo do Estado. ?Os maiores foram em 2004, quando o petista Raimundo Angelim conquistou a capital do Estado, Rio Branco?, diz a matéria dos jornalistas.
*Ainda de acordo com a matéria, a Asa Comunicação é de Belo Horizonte (MG) e o primeiro contrato, em 2001, foi assinado entre o secretário de Comunicação Aníbal Diniz e o então sócio da empresa, Paulo Vasconcelos do Rosário Neto, o mesmo que por sete anos chegou a dirigir outra empresa de publicidade, a DNA.
*Canzian e Rodrigues informam ainda que Rosário Neto, durante o tempo em que trabalhou na DNA tinha como ?colega de diretoria na empresa Márcio Hiran Guimarães Novaes, que hoje é sócio de Marcos Valério (do escândalo do mensalão) na empresa Estratégica, que trabalha no ramo de campanhas políticas.
*Quem assina o 15º aditivo pela empresa Asa Comunicação é Edgard Melo. Segundo a matéria, a Asa tem em seus quadros de diretores o ex-candidato a deputado pelo PT de Minas Gerais Américo César Antunes, contratado pouco meses depois do início do governo Lula. (S.M.)
*Aliados querem limitar gastos
*O escândalo dos aditivos com a empresa Asa Comunicação chegou a tal ponto que até mesmo os aliados do governo na Assembléia Legislativa querem limitar os gastos com publicidade a partir do ano que vem pelo governo.
*Projeto nesse sentido será apresentado na próxima semana pelo deputado Luiz Gonzaga (PSDB), que quer que os gastos com publicidade não ultrapassem 0,03% do Orçamento do Estado. Ele considera que R$ 11 milhões (gasto previsto no Orçamento deste ano) é um valor muito elevado.
*?O governo do Estado deveria investir mais no setor produtivo, aquele que gera emprego e renda. Para isso, é preciso algo que regule os gastos com publicidade?, afirma o deputado tucano.
*Gonzaga também defende uma ampla discussão em torno da lei orçamentária, tal qual ocorre nos Estados Unidos, ?onde o Orçamento é a lei mais importante?. Se essa discussão já ocorresse, acredita, os valores gastos com a mídia por parte do governo seriam limitados. ?Temos que priorizar os gastos?, enfatiza.