Defesa do dólar é o centro de sua estratégia
Para ele, o centro da ofensiva é evitar que o Brics abandone o dólar. "Eles tentaram assumir o domínio do dólar e eu disse: qualquer um que estiver dentro do Brics, vamos cobrar uma tarifa de 10%", disse. "E eles tiveram uma reunião no dia seguinte, e quase ninguém apareceu", contou, numa referência à cúpula presidida pelo Brasil. "Eles diziam: me deixem em paz", disse, rindo. "Eles não queriam ser taxados", insistiu.
Trump disse que "não vai permitir" que o dólar perca espaço. O republicano afirmou que, se fosse com outro presidente mais fraco, o dólar perderia esse domínio. "Ele [Joe Biden] não teria a mínima ideia", disse.
'Guerra Mundial'
Na avaliação do presidente, se os EUA permitirem que o dólar perca seu status de reserva internacional, "seria como perder uma guerra mundial". "Não podemos jamais deixar alguém jogar com isso. Foi por isso que, quando eu ouvi esse grupo do Brics, bati neles muito, muito forte", disse.
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Se eles realmente formarem um grupo de forma significativa, vai acabar rapidamente. Eles têm medo de se encontrar. Não vão durar
Donald Trump, sobre o Brics
Por anos, o Brics tem debatido a criação de um sistema de pagamento que permita que países possam usar suas moedas nacionais para fazer transações comerciais. Isso permitira que o dólar não fosse usado.
Na cúpula, no Brasil, o tema ficou enfraquecido na declaração final, diante da resistência de alguns governos em levar adiante o projeto. Mesmo assim, Lula insistiu que um dos objetivos de médio e longo prazo do bloco é o de contar com um sistema autônomo de comércio.
Na escalada de tensão contra o Brasil, o Brics pesou. Ao site Politico, Mauricio Claver-Carone, um aliado próximo do secretário de Estado Marco Rubio e ex-enviado especial de Trump para a América Latina, afirmou que "o Brics fez pender a balança" na decisão da Casa Branca de colocar uma tarifa de 50% contra o Brasil.
No dia 7 de julho, o presidente americano foi às redes sociais alertar que "qualquer país que se alinhe com as políticas antiamericanas do Brics terá de pagar uma tarifa adicional de 10%. Não haverá exceções a essa política". Na Casa Branca, a porta-voz do governo americano, Karoline Leavitt, justificou o ataque, apontando que o Brics visa "prejudicar os interesses dos EUA".
Trump não se limitou ao Brics. Naquele dia, e pela primeira vez desde que assumiu a presidência, saiu em defesa de Jair Bolsonaro e criticou as instituições brasileiras. O presidente Lula respondeu, alertando, nas redes sociais, que o Brasil "não aceita a interferência ou tutela de quem quer que seja". Sem citar Trump, o brasileiro disse que "ninguém está acima da lei".