QUIET LUXURY: Tendência do 'Luxo Discreto' na moda e porque faz tanto sucesso

Tendência Quiet Luxury (Luxo Discreto, em tradução livre) vem chamando bastante atenção nos ciclos de quem consome moda ultimamente

O universo da moda como o conhecemos hoje vive de movimentos cíclicos que revisitam diversos períodos anteriores, num jogo de olhar para trás, para mirar lá na frente. Isso vem acontecendo há muito tempo e não deve parar tão cedo. Trazer algo novo e inédito de fato é quase impossível nesse mundo globalizado e mega conectado que vivemos. Mas existem tendências que vão um pouco além da inspiração passada, e fazem a gente refletir bastante não só quanto a moda, mas também quanto a nossa vivência enquanto sociedade.

 

A trend do Quiet Luxury (Luxo Discreto, em tradução livre) vem chamando bastante atenção nos ciclos de quem consome moda ultimamente. Ela não é algo novo, mas passou a ser popularmente conhecida nos últimos tempos e tem toda uma razão de ser que vai além do hype.

 

De onde vem?


A direção que as marcas de moda tomaram nos últimos tempos está totalmente alinhada com o mood global de desaceleração, seja ele de um consumo mais consciente, pensando na responsabilidade social quase que obrigatória para que possamos ter de fato um futuro, ou mesmo por questões econômicas que atinge o mundo.

 

Se na década passada tivemos como marca registrada a logomania, a ostentação de marcas com seus prints e logos gritantes, com certeza nesses atuais Anos Vinte, teremos um período marcado por um minimalismo discreto e fora do meio.

 

A ideia em si do Quiet Luxury vem da noção de que pessoas ricas de verdade não ostentam luxo com marcas “populares” como Louis Vuitton e Versace, pois essas são batidas no público em geral. A ideia é mostrar que as pessoas verdadeiramente ricas usam marcas de luxo discretas, como Brunello Cucinelli e Chloé.

 

A trend ficou famosa mesmo no TikTok, onde termos como “Stealth Wealth“, “Old Money” e “Stealth Wealth Meaning” já acumulam 629,500,000, 480,000,000 e 1.4 bilhões de visualizações respectivamente. Ou seja, um boom globalizado que, diferente da ideia do luxo consumido apenas por 1% da população mundial, virou uma marca registrada da população em massa.

 

Onde estão presentes?


A gente consegue ver essa tendência se personificando na sua melhor forma se analisarmos a Gucci atual, dirigida por Sabato de Sarno, para a Gucci das temporadas anteriores, com Alessandro Michele. A diferença é exatamente uma quebra de paradigma com os prints repetitivos e marcantes que Michele trazia na marca, com roupas e acessórios ostentosos. A coleção atual da marca mostra uma mistura de tons discretos e cores sóbrias, com um minimalismo que parece ter lavado toda a ostentação criativa anterior.

 


A trend ganhou mais força no início de abril, coincidindo com a estréia da última temporada do seriado de grande sucesso da HBO, Succession. No show, vemos uma família de bilionários da indústria do entretenimento que personifica exatamente o core do Quiet Luxury. Os personagens dos três irmãos Kendal, Roman e Siobhan Roy são vistos constantemente com suas discretas roupas de luxo, ostentando nada mais do que o seu poder com suas falas perfeitas num roteiro impecável.

 

Como a tendência se manifesta?


Mas como a população que não faz parte desse 1% mais rico consegue seguir essa tendência, já que não tem os mesmos privilégios? Bom, tendências estão aí para serem reproduzidas, e assim como esse mundo virtual que vivemos mais presentes que no mundo real, a ideia é steal the wealth, ou ao menos a ideia da riqueza, e reproduzir da maneira que conseguimos.

 

A tendência presente nos grandes nomes do moda discreta, são reproduzidas por marcas mais populares como Zara e Renner – populares aqui para a população quase que em geral. E assim, a ideia consegue ser materializada nas ruas de forma mais presente, com a preferência aos clássicos, as famosas peças-chaves que podem ser usadas diversas vezes numa variação de composições.

 

Se você é uma pessoa que ainda hoje frequenta um shopping – sim, chegamos nesse ponto da história – irá se deparar com diversas vitrines com manequins discretos e até com semblantes tristes que reproduzem essa sobriedade da moda atual. Uns dias atrás uma amiga próxima me mandou uma DM no Instagram com uma foto, mostrando como os manequins da Zara estavam tristes com olhares para o chão. Expliquei para ela sobre a tendência e debatemos sobre como a moda imita a vida. A arte imita a vida.

 

Mas será que vinga?


Será que, assim como as dancinhas do TikTok e músicas virais, essa tendência vai somente ter os seus 15 minutos de fama e desaparecer? Acredito que não, e já acredito há um tempo. Essa bola já foi cantada há algum tempo por pesquisadores de moda, inclusive por esse que vos fala lá em 2020, falando sobre exatamente essa tendência e como ela tomaria o lugar da logomania.

 

O próprio Virgil Abloh, nosso eterno criador da Off-White, e também primeiro estilista negro da Louis Vuitton, falou sobre “a morte do streetwear” e suas marcas com grandes logos, dizendo que essa vibe de grifes com grandes logos e nada discretas tinham seus dias contados.

 

Acredito que ainda teremos um bom tempo dessa vibe minimalista, pois ela reflete bastante o mundo que vivemos em diversas questões que vão além da econômica. Sabe aquela máxima de se vestir de acordo com o humor? Pois é, o mundo não está tão bem da cabeça, não é mesmo? Cada vez mais temos discutido sobre saúde mental abertamente. E a moda, nosso estilo, reflete também sobre o nosso emocional.

 

E o que me faz acreditar que essa tendência ainda se perpetue por um bom tempo é a sua capacidade de repetição e investimento em peças mais duráveis. O que faz com que podemos ter um guarda-roupas de maior vida útil e utilitário. Trazendo novamente a ideia de consumo consciente, que é de fato a grande tendência que a população de massa precisa seguir, não é mesmo?

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