DESABRIGADOS: Rio Jacy-Paraná invade casas de aldeia indígena dos Karipunas

Representantes do povo entraram em contato com Rondoniaovivo e demonstraram preocupação

DESABRIGADOS: Rio Jacy-Paraná invade casas de aldeia indígena dos Karipunas

Foto: Arquivo Pessoal/André Karipuna

Pela segunda vez, as águas do Rio Jacy-Paraná invadiram as casas da vila do povo indígena Karipuna, que fica entre os distritos de Jacy-Paraná e União Bandeirantes, ambos pertencentes a Porto Velho. Quando o Rondoniaovivo visitou a localidade recentemente, cerca de 60 pessoas viviam ali.

 

Segundo o líder do povo indígena, André Karipuna, a primeira vez que isto aconteceu foi em 2014. Mas tudo por conta especialmente após a construção das usinas hidrelétricas do Rio Madeira, que recebe as águas do Rio Jacy-Paraná.

 

Fotos: Arquivo Pessoal - André Karipuna

 

“Nos últimos dias choveu muito. Metade da aldeia já foi para o fundo. Está enchendo bastante e rápido. Antes não acontecia isso, porém, depois da construção das usinas é a segunda vez que acontece. Da primeira vez foi só uma parte da nossa terra. Agora é toda a área”, lamentou ele.

 

E completa: “Estamos pedindo socorro das autoridades. Já não bastassem os problemas causados pelos grileiros e madeireiros, agora, temos a enchente”, comentou André Karipuna.

 

 

De acordo com o cacique, a água começou a subir rapidamente durante a semana passada, que terminou de invadir a região no último final de semana. Ele registrou as imagens da área alagada e enviou ao jornal eletrônico.

 

Os Karipunas informaram que a Defesa Civil e o Ministério Público Federal (MPF) foram acionados para ajudá-los. Até o momento, nenhuma das instituições, incluindo a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) não se manifestaram sobre a situação deles.

 

 

Já o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) divulgou que está “em contato permanente com o povo e à disposição para acionar a ajuda que for necessária”.

 

Opinião

 

Segundo Luís Fernando Novoa Garzon, doutor em Planejamento Urbano e Regional pelo IPPUR-UFRJ e professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Rondônia pontua que os níveis dos reservatórios de ambas as usinas do Rio Madeira estão altos.

 

“A cota máxima do reservatório de Santo Antônio é de 71,5, cota esta que garante a motorização de suas 50 turbinas de 70 MW. Observando os dados disponibilizados pela Agência Nacional de Águas, observa-se que a cota do Rio Madeira se mantém em seu teto, com oscilações resultantes do balanço das águas afluentes (que chegam da UHE Jirau) e das defluentes (que são liberadas pelo reservatório)”.

 

 

E segue com a análise: “A ANA, assim como a ANEEL, contudo, não monitoram o tamanho e a conformação de reservatórios em ‘pool’, que compreendem tanto a calha original do rio barrado quanto os corpos hídricos que afluem ou se intercomunicam. A figura nº 02 mostra o desastre socioambiental embutido em reservatórios de Usinas a ‘fio d´agua’, que afogam igarapés, lagos e afluentes como o Rio Jacy-Paraná, que pode ser identificado como o primeiro ‘braço’ na margem direita do Rio Madeira”.

Figura número 02, citada pelo professor Luís Fernando da UNIR, sobre os níveis dos reservatórios das usinas do Rio Madeira

 

Luís Fernando ainda pontua: “Depois de seguidas invasões de madeireiros, garimpeiros e grileiros, os Karipunas sofrem agora o acosso de águas invasoras. É preciso deter este genocídio operacionalizado em diversas dimensões. O Ministério dos Povos Indígenas, em coordenação interministerial, precisa coordenar um mutirão de ações no território para que continue a pulsar. É preciso proporcionar garantias imediatas pelo direito de existir do povo Karipuna”.

 

 

Respostas

 

Somente nesta quarta-feira (22), a Santo Antônio Energia enviou posicionamento ao Rondoniaovivo sobre as alagações no território dos Karipunas. O jornal eletrônico vai publicar a nota na íntegra abaixo: 

 

A Santo Antônio Energia esclarece que nenhuma Terra Indígena é diretamente impactada pela implantação da hidrelétrica. O Programa de Apoio aos Povos Indígenas, previsto no licenciamento ambiental da Usina e aprovado pela Funai, leva em consideração ações que minimizam possíveis impactos indiretos e foi divido em duas fases.

 

A Santo Antônio Energia já concluiu toda a Fase 1 do programa para os povos indígenas Karipuna e Karitiana, que incluiu a construção de escola com alojamentos, posto de saúde, recuperação de estradas, ampliação e reforma da Casa de Saúde Indígena, entrega de materiais de apoio a saúde, construção de módulo sanitário, postos de vigilância, capacitação para vigilância e monitoramento das terras indígenas, entre outros.

 

A proposta da Fase 2 foi planejada pela Santo Antônio Energia e já entregue à Funai. A empresa aguarda a aprovação pelo Órgão para que este tema seja concluído.

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