Exposição ao Material Particulado (MP2,5), presente na fumaça da capital de Rondônia, causou mais de 1 milhão de mortes na última década
Foto: Ilustrativa; Depositphotos
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Na última quinta-feira (15) quem respirou em Porto Velho, capital de Rondônia, ingeriu fumaça equivalente à queima de 110 cigarros - foi o que disse o Dr. César Guimarães, Superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Rondônia.
Como registrou o jornal Rondoniaovivo, a capital amanheceu - na última quinta - coberta por uma densa camada de fumaça. Tão grossa foi a fumaçona que aviões que deveriam pousar no Aeroporto Gov. Jorge Teixeira tiveram que redirecionar o destino para Cuiabá e Manaus. O aeroporto, por causa da baixa visibilidade, fechou tanto para decolagens quanto aterrissagens, desde a madrugada até início da tarde de quinta.
A fumaça, entretanto, permanece embaçando o resto da cidade. Empacando aviões e sufocando o bem estar porto-velhense, o fumacê - que é, obviamente, proveniente das queimadas - contém Material Particulado ‘MP2,5’. O MP2,5 é, de acordo com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, um conjunto de poluentes formados por poeiras, fumaças e todo tipo de material sólido e líquido que se mantém suspenso na atmosfera por causa de seu pequeno tamanho.
‘2,5’ se refere ao tamanho das partículas: 2,5 µm (micrômetros). O tamanho minúsculo da partícula, que também é encontrada na fumaça dos cigarros - como explicado pelo Dr. Guimarães ao Rondoniaovivo durante uma breve entrevista por telefone realizada na quinta -, faz com que o material seja respirável, capaz de penetrar profundamente nos pulmões e até entrar na corrente sanguínea. Assim, a exposição a partículas finas, tanto em curto, quanto médio e longo prazo, traz mazelas à saúde.
De acordo com o California Air Resources Board, agência americana pública que controla a qualidade do ar na Califórnia, a exposição de curto prazo ao MP2,5 está associada à mortalidade prematura, aumento de internações hospitalares por causas cardíacas ou pulmonares, bronquite aguda e crônica, ataques de asma, atendimentos de emergência e sintomas respiratórios.
Já a exposição prolongada ao poluente pode ser associada à morte prematura, particularmente em pessoas com doenças cardíacas ou pulmonares crônicas. Segundo o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), na última década, a exposição ao MP2,5 causou mais de 1 milhão de mortes no Brasil.
Guimarães explicou que o cálculo dos ‘110 cigarros’ é baseado no índice de MP2,5 encontrado na fumaça presente no ar da capital, que superou em mais de 60 vezes o parâmetro recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) - segundo a medição da IQAir, empresa suíça de tecnologia que monitora a qualidade do ar, realizada na manhã de sexta-feira (16).
Apesar de se basear na realidade, o cálculo é algo como uma figura de linguagem - pensado para introduzir a ideia de ‘qualidade de ar’ no imaginário popular. É importante dizer que a fumaça da capital, apesar de conter similaridades com a fumaça do cigarro no quesito de dano à saúde, não contém nicotina ou outros componentes presentes no fumo.
A ideia de ‘cigarros equivalentes’ surgiu como resultado de dados do Índice de Qualidade do Ar (AQI), que mede a quantidade de MP2,5. A contagem do índice vai de 0 a 500 pontos – a partir de 301, o quadro é considerado “perigoso”. No monitoramento da IQAir, Porto Velho marcou, na manhã desta sexta, 355 pontos. Pontuação consideravelmente menor que o de quinta, quando a capital ocupou o pódio de cidade mais poluída do Brasil com 411 pontos.
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