Quando se pensa que refluirá a tendência a praticar toda sorte de desperdício com o dinheiro público, não tem o menor cabimento admitir novas fontes de despesas. Mesmo que isso ocorra em uma instituição, como a Assembléia Legislativa de Rondônia, acostumada a zombar da miséria do povo, sem que nada lhe aconteça, a sociedade não pode deixar passar em brancas nuvens a construção de mais uma obra faraônica.
Neste momento difícil da vida estadual, quando pessoas estão morrendo à míngua nos hospitais e postos de saúde da rede pública por falta de médicos e medicamentos; outras, vivendo à mercê da criminalidade que grassa no estado, principalmente, na capital portovelhense, não se pode admitir que parlamentares, eleitos para defenderem os legítimos interesses da sociedade, fiquem perdendo tempo e dinheiro do contribuinte, com discussões estéreis, como a construção da nova sede da ALE.
Se há os que são contrários à obra, porque “estariam querendo dinheiro ilícito”, como afirmou o deputado estadual Ribamar Araújo, é de perguntar-se, pois, que motivos teriam, então, aqueles que são favoráveis à construção da sede, como o próprio Araújo, por exemplo? Difícil é alguém acreditar que a construção do novo prédio da ALE conferirá melhor qualidade aos trabalhos legislativos, ou, então, que, bem instalados, os nobres deputados passarão a empregar todo o seu tempo na busca de soluções para os graves e complicados problemas que angustiam a população rondoniense.
Os maus costumes políticos, a mediocridade, o egoísmo, a vaidade delirante e a falta de espírito público de certos políticos vêm empurrando o estado de Rondônia para o abismo. Não há uma consciência política clara e definida. É, no mínimo, estranho, que o deputado petista Ribamar Araújo, depois de haver passado tanto tempo com a língua presa, tenha resolvido soltá-la exatamente agora, para defender a construção de um elefante branco.
O que é isso, deputado Ribamar? Logo o senhor, que, quando vereador da capital, criticava as mordomias do poder, a ostentação, a hipocrisia política, a velha mentalidade e os seus erros e vícios, que tanto mal já fizeram e continuam fazendo à Nação, agora, parece que resolveu fechar os olhos a essa realidade. A hora é de reflexão e de responsabilidade, deputado, sobretudo, no trato com os recursos públicos. Em vez de vir a público defender a construção de mais uma casa de vidro, apresente idéias, sugestões, projetos e propostas, que contribuam de alguma maneira para, pelo menos, minimizar a dor e o sofrimento da maioria da população.