Em descalabro uma família camponesa tenta resistir obstinada ao conciliábulo malévolo do latifúndio em expansão. Nessa lamentável derrocada, a resistência aos poucos vai sendo exaurida, as forças vão sendo extenuadas e a prática capitalista exacerbada vai execrando e encurralando a quase invisível fatia de terra em decadência.
Mesmo diante dessa insolência e aversão odiosa à família posseira, com a enxada nas mãos fortes e calejadas, ela consegue a duras penas do cotidiano sacrificante, arrancar o sagrado pão da terra. Mas a violência não cessa: a água é envenenada, criações são mortas, as plantações são queimadas e as cercas são derrubadas criminosamente.
O escritor Júlio José Chiavenato nos diz que “quase sempre a violência social atinge gente tão distante de nós, que achamos que nada temos a ver com ela. No entanto, quando analisamos os motivos da violência, percebemos que é um fenômeno que agride toda a sociedade, além de ser mais grave do que parece”.
Segundo nos esclarece o mesmo autor, a violência brasileira resulta da violência no campo, porque a estrutura fundiária projeta para a sociedade as relações sociais existentes, como a concentração de posse, e o direito ilimitado à propriedade privada, onde cada um pode ter tudo o que conseguir abraçar.
Mesmo diante das atrocidades cometidas pelos donos do poder, os pobres da terra continuam resistindo como podem. Na Amazônia a grilagem de terras continua em expansão, promovendo no campo, um aniquilamento deplorável e injusto. Sob o bramir do chicote e a belicosidade da pólvora, muitos desaparecem sem deixar nenhum sinal: eles são os condenados da cova sem cruz.