O carnaval é um espetáculo patético, horrendo, deprimente e sem sentido. Nas principais cidades do país é encarado como a síntese cultural de um povo, o brasileiro. Em Porto Velho, o carnaval é a excrescência do nada. Mulheres nuas, drogas, brigas, empurrões e álcool, muito álcool caracterizam esta festa imoral, que corrompe mais ainda os já falidos valores morais da família, é um lugar onde homem se veste de mulher, mulher se veste de homem e a maioria, para o bem comum, se droga escancaradamente no meio da rua e bem na frente de todos, e diga-se também, com a conivência das mais altas autoridades. É a cultura do vale-tudo, do absurdo coletivo, da perversão e do homossexualismo enrustido e latente. Só pobre gosta de carnaval. Pobre de dinheiro ou de espírito. Dá para entender por que no Brasil esta festa é tão popular.
Pode até parecer exagero, mas quem observa as fotos do desfile da “Banda do Manelão” ou de qualquer outro bloco, troça, escola de samba ou sabe-se lá o quê por este país afora não se sentirá surpreso ao ver um amigo, conhecido ou mesmo um familiar, embriagado ou drogado, feliz da vida, pulando e cantando como se a vida, o mundo, se resumissem apenas àquele momento. Os dias de carnaval, pelo menos no Brasil, têm servido para anestesiar a dura realidade com a qual somos obrigados a conviver diariamente. A partir da quarta-feira de cinzas, os noticiários serão inundados com cenas de violência e aberração e muitos ainda vão ter coragem de reclamar.
O carnaval de Porto Velho apesar de ser copiado, brega e estúpido consegue misturar num só ambiente as mazelas de uma cidade que agoniza por falta de bons administradores. E por isso, tudo parece normal. De fato, como não deixar de observar passistas desengonçadas e feias tentando sambar ao mesmo tempo em que mostram suas pernas sapecadas de manchas de feridas das picadas dos insetos? E as ridículas alegorias, fantasias, carros enfeitados e mal feitos que se dissolvem aos primeiros pingos da chuva? Unidos do TNT (tecido feito de papelão) seria um bloco naturalmente aplaudido pela escassa e corajosa platéia que ainda tem coragem de ir aos desfiles na devastada Avenida Imigrantes. Sem identidade cultural, a cidade se espreme entre o boi e a folia. Depois vem o martírio da Expovel e dos desgastados arraiais juninos. E haja festa!
Apesar de aumentar consideravelmente a violência, o consumo de drogas, além de interditar as principais ruas e avenidas da cidade, ninguém tem tempo para se lembrar do trânsito infernal, dos buracos nas ruas e do mau cheiro característico desta cidade. E nem poderia mesmo, pois os políticos estão também festejando os dias de Momo juntinho ali da platéia. Nada mais democrático: exploradores e explorados brincando e ainda tendo as benesses de ter a polícia por perto para dar segurança a todos. Este ano dizem que o dinheiro público foi poupado e não sambou na avenida. Sábia decisão, os governantes já estão sabendo administrar o que é de todos. Rondônia está se desenvolvendo.
Carnaval é uma festa tão democrática e absurda que a grande maioria dos problemas diários da população miserável é esquecida naqueles momentos de euforia. E entrosados ali, pulando no meio da gentalha estão os governantes, como se esta ação grotesca fosse parte do seu 'honroso trabalho'. Político não devia participar de carnaval, pois na nossa política é carnaval todo ano, o ano inteiro. Arquibancadas de tábuas velhas, ornamentadas por xixi humano e caindo aos pedaços fazem um espetáculo à parte. Mas vergonhoso mesmo é ficar alegre com uma epidemia de dengue que assola a população. Em homenagem a este descaso, o mosquito Aedes Aegypti devia ser a mascote principal deste carnaval dos horrores.
* O Professor Nazareno leciona na Escola João Bento da Costa em Porto Velho.