Ao recusar-se a pagar gratificações a servidores da Secretaria Municipal de Saúde (SEMUSA), o prefeito Roberto Sobrinho (PT) revela a face deformada de uma administração que detesta o funcionalismo.
Uma resolução do Conselho Municipal de Saúde (CMS) garante o pagamento integral de gratificações aos servidores que prestam serviços na área rural de Porto Velho, mas o prefeito só quer pagar a metade.
O presidente da Associação dos Servidores da Saúde, Cleveland Heron, exige que o prefeito cumpra a determinação do Conselho, mas ele insiste em fazer ouvido de mercador à justa reivindicação da categoria.
O prefeito já deixou claro que não respeita servidor público. Pelo contrário, despreza-o, abomina-o. Aliás, ele não respeita Tribunal de Justiça, Tribunal de Contas, Ministério Público, enfim, ninguém. Ora, se o prefeito não respeita os órgãos e instituições que estão no topo da pirâmide judicante, que dirá um colegiado de escalão secundário.
Essa, portanto, não é a primeira vez em que o prefeito revela toda a sua antipatia pelos servidores municipais, principalmente o pessoal da raia miúda, aqueles que não têm padrinhos para indicá-los a cargos comissionados ou funções de confiança, para absolutamente nada produzirem, mas que são responsáveis pelo funcionamento da máquina, ainda que de maneira deficitária.
Lamentavelmente, o mesmo cidadão que, em passado não muito distante, prometeu remunerar dignamente os servidores e oferecer-lhes condições decentes de trabalho, hoje, não somente virou-lhes as costas, como também os condenou a viverem na mais abjeta inanição, porque os salários pagos à maioria dos que presta serviços à prefeitura são uma ignomínia.
Verdadeiramente, não há registro na história recente do município de Porto Velho de um prefeito que tenha sido tão ruim para a categoria quanto Roberto Sobrinho. Generosidade, mesmo, só para “companheiros”, cabos eleitorais e apaniguados políticos. Assim, Sobrinho corre o sério risco de deixar o palácio Tancredo Neves carregando o troféu de “o carrasco do funcionalismo municipal”.
Administrar é saber delinear, com inteligência e habilidade, o que deve ser feito e qual a melhor maneira de fazê-lo, sempre com responsabilidade, para garantir os resultados desejados. O problema é o prefeito conseguir conciliar as duas coisas, uma vez que nem humildade tem para sentar-se à mesa e dialogar com a categoria.
Foi-se o tempo em que servidor público era tratado com respeito e dignidade. Chegou, inclusive, a ser bandeira de luta do petismo. Hoje, não passa de peça de reposição na viciada e obsoleta máquina burocrática.