PSICOSE: Clássico do suspense completa 65 anos, continua irretocável e muito copiado - Por Marcos Souza

PSICOSE: Clássico do suspense completa 65 anos, continua irretocável e muito copiado - Por Marcos Souza

Foto: Reprodução

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O diretor britânico Alfred Hitchcock, considerado o mestre do suspense no cinema, deixou uma filmografia diversificada, mas sempre centrada em filmes de suspense com a sua marca indelével e ainda insuperável. Eu, particularmente, sou obcecado por três filmes dele: “Janela Indiscreta” (1954), “Um Corpo que Cai” (1958) e “Psicose” (1960), e considero o último o mais influente da história do cinema como referência tanto para o gênero que o consagrou quanto para o terror.
 
A famosa cena do chuveiro já foi motivo para documentários, livros, estudos, teses acadêmicas e foi copiada por inúmeros filmes.
O filme completa 65 anos de lançamento e tem uma das histórias de bastidores mais controversas e inusitadas do diretor.
 
“Psicose” foi produzido e dirigido por Hitchcock, com roteiro de Joseph Stefano, baseado no romance de mesmo nome, lançado em 1959, de Robert Bloch. O escritor disse que escreveu a obra após ter conhecimento do caso do serial killer Ed Gein, que ficou conhecido por violar túmulos e assassinar duas pessoas — porém, foi acusado do desaparecimento de mais cinco pessoas —, e utilizava as peles dos cadáveres para fazer móveis, abajures, luvas e até roupas.
 
O interessante desse caso é que Gein foi considerado inapto para ser levado a julgamento por ter sido considerado mentalmente insano, sendo enviado para uma instituição psiquiátrica, onde morreu anos depois.
 
O diretor ficou fascinado com o livro, porém solicitou mudanças estratégicas e significativas nos personagens e em alguns tramas paralelos no escopo da história original. O que diferencia — e muito — a adaptação é até mesmo o personagem central, Norman Bates: antes um bêbado, rotundo e perturbado, passou a ser um rapaz jovem, esguio, muito tímido e submisso à sua velha mãe.
 
No filme, Marion Crane (o papel da vida da atriz Janet Leigh) trabalha como secretária de confiança em uma imobiliária em Phoenix. Após ouvir do namorado que ele não se casaria com ela por causa de suas dívidas altas, Marion resolve roubar 40 mil dólares em dinheiro do seu patrão, que solicitou que ela depositasse o valor no banco.
 
Porém, ela foge com o dinheiro, sem deixar pistas do seu paradeiro, em direção à cidade onde o namorado mora, na Califórnia. Ela troca de carro e pega a rodovia, mas, no meio da viagem, cai uma tempestade muito forte e ela é obrigada a parar num motel (hotel pequeno, nos EUA — não confundir com o termo “motel” no Brasil), o Bates Motel, onde descobre que é a única hóspede e é recepcionada pelo proprietário, Norman Bates, que mora em uma casa sinistra de dois andares e que fica aos fundos do estabelecimento.
 
 
Norman tenta uma aproximação com Marion, porém ela lhe dá atenção apenas por educação, pois pretende apenas passar a noite e partir no dia seguinte. Em um momento no seu quarto, ela ouve uma breve discussão entre o homem e sua mãe idosa, que ocorre no segundo andar da casa aos fundos. Norman leva sanduíches para a mulher, e Marion fica sabendo, por ele, que a mãe é uma senhora doente e que reclama muito.
 
Na mesma noite, quando Marion vai tomar banho no seu quarto, uma estranha figura feminina entra sorrateiramente com uma faca e a ataca no banheiro, matando-a brutalmente. Mais tarde, Norman percebe a porta do quarto dela aberta e, ao entrar, encontra a mulher morta. Então ele entra em choque e percebe que pode ter sido sua mãe a assassina.
 
 
Para quem ainda não assistiu a esse clássico, melhor parar por aqui, pois essa reviravolta ocorre antes da metade do filme. O que vem a seguir é a entrada da irmã de Marion, Lila (Vera Miles), que está preocupada e resolve ir atrás dela, até chegar ao motel. Depois ainda entra um detetive, Milton Arbogast (Martin Balsam), que acha tudo suspeito no local, e uma revelação na casa muda totalmente a premissa, até encaminhar para o final chocante — e que foi tão imitado que, assistindo hoje, não tem tanto o impacto da época.
 
O filme foi um grande sucesso quando lançado nos cinemas, o maior da carreira do diretor. Ele investiu pesado para que a produção ocorresse, pois Hitchcock encontrou muita resistência dos executivos da Paramount, a produtora com a qual estava sob contrato, que não gostaram muito do livro, por acharem o tema muito forte e violento. Para piorar, o diretor disse que iria rodar em preto e branco. Foi negado o orçamento para fazer o filme, mesmo com Hitchcock oferecendo sua equipe da série televisiva que produzia e apresentava — reduzindo drasticamente os custos.
 
Vendo um grande potencial de expandir a sua visão do suspense em uma trama intricada, mas simples na execução – o que se mostrou não ser tanto assim, principalmente na edição e trilha sonora –, o diretor acabou tirando do próprio bolso o financiamento do projeto, através de sua produtora particular – a Shamley Productions – usando a sua equipe técnica. Hitchcock sacrificou também o seu salário contratual por filme, de 250 mil dólares, por uma participação de 60% no negativo do filme – ou seja, com o lucro parcial das bilheterias após o lançamento.
Rodado com um orçamento fixo de pouco mais de 800 mil dólares, pagando cachês no valor base dos sindicatos, o diretor teve dificuldades para convencer o maestro habitual de seus filmes, Bernard Herrmann, a fazer a trilha sonora para o filme. Por muito pouco ele não aceitou. Porém, foi com o apelo sonoro de suspense criado exclusivamente para “Psicose” que o maestro se consagrou, principalmente por causa da sequência do assassinato no chuveiro. Um trabalho genial e perfeito.
 
 
O designer gráfico de títulos preferido do diretor, o genial Saul Bass, é citado em alguns livros como o autor das tomadas de câmera e que ajudou na edição da sequência do chuveiro, ele desenhou quadro a quadro a mão antes da cena ser rodada.
 
Um dado técnico interessante do filme são as inovações propostas por Hitchcock na execução de sua película, para compor cenas, sequências e planos mais orgânicos, com o objetivo de contar ou narrar a história. Para filmar, ele utilizou lentes de 50 mm em câmeras de 35 mm, gerando um ângulo de visão semelhante – se não mais próximo – à visão humana, promovendo uma imersão até então inédita para o público.
 
“Psicose” rotineiramente está em uma ou outra lista de melhores filmes da história de diretores, sendo citado como um dos maiores de todos os tempos, abrindo precedente na época com um nível de violência plástica até então inédito, recorrendo à sua ousadia pelo comportamento desviante e pela sexualidade de sua personagem Marion (a cena de abertura com a atriz Janet Leigh de sutiã provocou polêmica).
 
Uma outra curiosidade do filme quando foi lançado é que Hitchcock colocou anúncios nas portas dos cinemas onde o filme estava sendo exibido avisando para que o publico não entrasse na sala depois do filme ter iniciado e que não revelasse para ninguém o final, para não estragar a experiência de outros que ainda não tinham assistido.
 
O poder de influência a partir de seu lançamento acabou gerando referências imediatas para subgêneros do terror, como os filmes de slasher (tipo “Sexta-feira 13”, Halloween”, entre outros), e inspirações para diretores como John Carpenter, Brian de Palma (o seu maior discípulo cinematográfico) e Wes Craven.
 
Após a morte do diretor Alfred Hitchcock, em 1980 – que nunca ganhou um Oscar por direção, apenas um honorário pela carreira – “Psicose” teve, a partir dos anos 1980, três continuações (duas para o cinema e um longa para a TV), um remake e uma série para a TV (“Bates Motel”, mostrando o relacionamento de um adolescente Norman com sua mãe, que ficou no ar entre 2013 e 2017).
 
Sobre o remake do filme, lançado em 1998, trata-se de um trabalho experimental do diretor Gus Van Sant, que reproduziu quadro a quadro, em cores, a obra original — com um elenco que causou polêmica e algumas liberdades em relação à narrativa, como uma cena envolvendo masturbação. Esse Psicose refilmado foi um fracasso tanto de bilheteria quanto de crítica.
 
Assista ao original, ainda um filme essencial e brilhante. Ele está disponível no serviço de streaming do Telecine (para assinantes) ou pode ser alugado digitalmente tanto pela Apple TV quanto pela Prime Video (por R$ 6,90).
 
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