Resultado aponta que 72,3% dos entrevistados afirmaram já ter tido problemas com a empresa ou conhecer alguém que passou por dificuldades
Foto: Freepik
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Por Dejanir Haverroth – Jornalista investigativo
Uma pesquisa de opinião realizada pelo IHPEC entre os dias 18 e 21 de agosto de 2025, a pedido de usuários insatisfeitos, revelou o que já ecoava nas ruas de Porto Velho: a insatisfação generalizada com os serviços prestados pela Energisa Rondônia. O levantamento ouviu 416 pessoas com mais de 20 anos, distribuídas pelas regiões Central, Norte, Leste e Sul da capital. Os resultados são contundentes: 72,3% dos entrevistados afirmaram já ter tido problemas com a empresa ou conhecer alguém que passou por dificuldades.
Do total de consumidores que enfrentaram problemas, apenas 45,2% conseguiram resolvê-los, e quase sempre após longas esperas. Quase um quinto (19%) relatou que a solução levou mais de um ano. Quando há resolução, 63,2% afirmam ter conseguido diretamente com a Energisa, enquanto 22,1% precisaram recorrer à Justiça com advogados. O Procon respondeu por apenas 6,3% dos casos solucionados.
Antes de se tornar Energisa Rondônia, a Ceron (Centrais Elétricas de Rondônia) tinha outro perfil de relação com o público. Embora houvesse falhas pontuais, a estatal mantinha um índice de satisfação superior a 50% e priorizava o atendimento da população. Foi a Ceron que construiu a maior parte das redes de distribuição durante o período de crescimento acelerado do Estado, assegurando que energia chegasse a regiões até então isoladas.
A trajetória da Ceron mudou em 1998, quando foi federalizada e passou ao controle da Eletrobras, em razão de dificuldades financeiras. Duas décadas depois, em 30 de agosto de 2018, a empresa foi leiloada pelo BNDES, dentro do processo de privatização das distribuidoras da Eletrobras. O Grupo Energisa venceu o certame, assumindo um aporte para investimento no valor de R$ 253,8 milhões e o controle da companhia em 30 de outubro de 2018. A decisão foi chancelada, à época, por votação unânime dos deputados estaduais. O valor pago pela aquisição da CERON nunca foi divulgado e não se tem conhecimento sobre o destino do valor do “aporte” prometido para investimento em infraestrutura.
O paradoxo rondoniense é evidente. A partir de 2010, com a construção das usinas de Jirau e Santo Antônio, Rondônia tornou-se um dos maiores produtores de energia elétrica do Brasil. Mesmo assim, o Estado amarga um dos maiores custos por quilowatt consumido do país. Ou seja: a energia é gerada aqui, mas o consumidor local paga tarifas que estão entre as mais altas do território nacional.
A pesquisa do IHPEC demonstra como essa equação afeta diretamente o cotidiano da população. Muitos entrevistados relatam que o alto preço da conta de luz pesa no orçamento familiar, e o atendimento prestado pela concessionária não corresponde às expectativas. Dos que tiveram problemas, 47,3% não conseguiram resolver, mas conhecem pessoas que obtiveram solução parcial, revelando um padrão de frustração recorrente.
Sete anos após a privatização, a Energisa Rondônia enfrenta o desafio de justificar sua gestão perante os consumidores. O discurso de eficiência e modernização ainda não se traduziu em satisfação popular. Em meio a tarifas elevadas, burocracia no atendimento e reclamações constantes, cresce a pressão para que a empresa reveja suas práticas e apresente resultados condizentes com a realidade de um Estado que exporta energia, mas vê sua população pagar caro por um serviço essencial.
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Você já teve problemas com a ENERGISA, ou conhece alguém que teve? |
% |
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Não |
27,7% |
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Eu tive |
43,8% |
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Minha família, vizinhos ou amigos tiveram |
17,5% |
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Eu tive e conheço outros que tiveram |
11,0% |
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Não Soube Responder |
0,0% |
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Total |
100,0% |
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Você conseguiu resolver ou conhece alguém que conseguiu? (somente quem teve ou soube quem teve problemas) |
% |
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Não resolvi, mas conheço pessoas que resolveram |
47,3% |
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Resolvi |
45,2% |
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Resolvi, mas conheço outras pessoas que não conseguiram |
3,2% |
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Todos resolveram |
2,1% |
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Não conheço ninguém que conseguiu resolver problemas com a Energisa |
1,1% |
|
Não Soube Responder |
1,1% |
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Total |
100,0% |
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Como conseguiu resolver? (somente os que conseguiram resolver) |
% |
|
Com a própria ENERGISA |
63,2% |
|
Com advogado |
22,1% |
|
Não Soube Responder |
8,4% |
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Através do Procom |
6,3% |
|
Através de pessoa influente |
0,0% |
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Na delegacia do consumidor |
0,0% |
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Total |
100,0% |
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Como conseguiu resolver? (somente os que conseguiram resolver) |
% |
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Com a própria ENERGISA |
63,2% |
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Com advogado |
22,1% |
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Não Soube Responder |
8,4% |
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Através do Procom |
6,3% |
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Através de pessoa influente |
0,0% |
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Na delegacia do consumidor |
0,0% |
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Total |
100,0% |
* O resultado da enquete não tem caráter científico, é apenas uma pesquisa de opinião pública!