FÚRIA EM AÇÃO: Professora da rede municipal de Cacoal acusa prefeito de assédio

Prefeito ameaçou educadora de ser expulsa do serviço público após suposta representação por abuso de poder pré-eleitoral

FÚRIA EM AÇÃO: Professora da rede municipal de Cacoal acusa prefeito de assédio

Foto: Divulgação

Na segunda-feira (25), uma professora da rede pública municipal de Cacoal registrou um boletim de ocorrência de assédio moral contra o prefeito Adailton Fúria (PSD).

 

Segundo documento registrado na delegacia da cidade, que o Rondoniaovivo teve acesso, a servidora estava participando de um curso de formação, que estava acontecendo no Teatro Municipal de Cacoal, com outros professores, quando o prefeito e sua esposa entraram no local.

 

Fúria falou alto, na presença de todos, e perguntou se ela tinha sido responsável por uma denúncia relacionada a Escola Municipal José Mauro de Vasconcelos.

 

O relato seria de que o prefeito estaria se utilizando do serviço público para fazer campanha deliberada para os pré-candidatos a deputado estadual Cássio Góis (vice-prefeito) e Joliane Fúria (sua esposa e candidata a deputada federal), onde teriam ido a escolas e pedido votos à comunidade nestes locais.

 

A servidora teria respondido não ser a responsável. Mesmo assim foi ameaçada por Adailton Fúria ser expulsa do serviço público, caso fosse constatado que ela teria sido a autora da representação sobre o abuso do poder no processo pré-eleitoral.

 

Segundo áudios que chegaram à redação do Rondoniaovivo, a professora desabafa, com a voz embargada, e demonstra o que sentiu após o fato vexatório protagonizado pelo prefeito e sua esposa.

 

“Olha, o seu Orlandino teve problemas com meu tio, seu Edvino teve, mas eu nunca fui distratada como eu fui pelo prefeito hoje. Eu estou me sentindo, nem sei... Humilhada, arrasada... A postura dele, eu sentada no chão, estou me sentindo humilhada... Você não tem noção”.

 

E completa: “Nunca na minha vida, eu achei que ia passar por uma situação dessa. Olha, que eu briguei com aquele prefeito Franco, de tirar pica-pau do oco. Mas ele nunca me distratou como funcionária. E o dia que ele quis conversar comigo, ele me chamou lá no gabinete dele. Nós quebramos o pau, mas lá dentro. Nunca fui tão insultada nesses 30 anos de prefeitura”.

 

Detalhes

 

A professora denunciante disse a alguns jornalistas da cidade que já havia sido assediada antes pelo prefeito assim que ele assumiu o cargo. A educadora peregrinou por diversas lotações na administração, sendo transferida de região em região, de departamento em departamento, impedindo que conseguisse estabilizar sua vida profissional.

 

A servidora disse à Polícia Civil que vários professores presenciaram as agressões verbais no teatro municipal.

 

A educadora também disse que chegou a entrar em contato com o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Cacoal (Sinsemuc), mas ele falou que “era para ter paciência com o prefeito, pois ele está descompensado”.

 

Cópia do boletim de ocorrência registrado pela professora e que o Rondoniaovivo teve acesso

 

Confessou

 

Em entrevista ao site Extra de Rondônia, ao ser indagado sobre as acusações de assédio moral feitas por uma servidora do município, Adailton Fúria, mesmo tentando negar, acabou confirmando tudo o que foi registrado na ocorrência policial.

 

O prefeito disse que “apenas fez uma pergunta”, e não deixou dúvidas de que a pergunta que fez foi a mesma relatada pela professora.

 

“Não houve isso. Só fiz uma pergunta se a referida professora havia feito uma denúncia caluniosa”, minimizou Fúria.

 

Perguntado sobre qual teria sido a motivação para a exposição da servidora ao constrangimento, o prefeito deu pistas:

 

“A professora é ligada a ex-prefeita de Cacoal”, explicou ele.

 

Confrontando os relatos da servidora com o que Fúria falou ao Extra de Rondônia, especialmente quanto às ameaças de expulsão da servidora do serviço público, ele foi direto:

 

“Também afirmei que iria abrir um processo administrativo para apurar os fatos. É meu direito”.

 

De fato, servidores concursados e estáveis, como é o caso da professora denunciante, só podem perder o cargo público após processo administrativo disciplinar, que tramita perante a Corregedoria do município. E o prefeito tem autoridade para determinar à Corregedoria-Geral que o instaure.

 

Mais denúncias

 

Desde meados de 2021, primeiro ano de mandato do prefeito, aumentam as denúncias de assédio moral e até sexual dentro da administração municipal, com dezenas de reclamações nessa seara.

 

Segundo fontes ligadas à área de saúde, vários servidores precisaram de ajuda e tratamento psicológico em razão de pressões relacionadas ao trabalho na prefeitura.

 

A própria Secretária de Assistência Social nomeada pelo prefeito, Michele Pavan, juntamente com o esposo, chegaram a denunciar publicamente, ter sido vítima de fato que consiste em assédio moral.

 

A então secretária chegou a ficar com o corpo e rosto desfigurado em razão do abalo psicológico e esteve internada em Cuiabá para tratamento.

 

Recentemente, uma ex-servidora do Serviço Autônomo de Águas e Esgoto (SAAE) denunciou à Polícia Civil ter sido vítima de assédio moral e sexual enquanto trabalhava na autarquia. Este assédio teria tido desdobramentos mesmo depois de ter deixado o SAAE e voltado para casa de seus pais fora de Rondônia.

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