Momento Lítero Cultural – Nº 60 - Por Selmo Vasconcellos

Da Redação

17 de Julho de 2008 às 09:59

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Momento Lítero Cultural – Nº 60 - Por Selmo Vasconcellos

Foto: Divulgação

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*SELMO VASCONCELLOS - Porto Velho, RO. Poeta, cronista, contista, antologista, divulgador cultural e editor da página literária impressa semanal “LÍTERO CULTURAL”, desde 15.agosto.1991, em parceria com o saudoso amigo/irmão/escritor José Ailton Ferreira “Bahia”, falecido em 21 de setembro de 2005, no jornal Alto Madeira.Com cerca de 1450 colaboradores no Brasil e mais em 35 países. Obras publicadas (poesia e prosa): REVER VERSO INVERSO (1991), NICTÊMERO (1993), POMO DE DISCÓRDIA (1994), RESQUÍCIOS PONDERADOS (1996) e LEONARDO, MEU NETO (antologia,2004). Livretos independentes (poesia): MORDE & ASSOPRA e suas causas internas e externas (1999), DESABAFOS em memória de ROY ORBISON (2003), Revista Antológica “Membros da Galeria dos Amigos do Lítero Cultural” (2004) e poesias traduzidas para o francês, inglês, alemão, italiano, japonês, russo, grego chinês, polonês e espanhol. www.selmovasconcellos.zip.net. *- *Página dedicada ao saudoso amigo JOSÉ AILTON FERREIRA “BAHIA” *- *TURBULÊNCIA *- *Como é triste *Ver o luar sombrio *Sobre a cidade poluída, *um pássaro caído, morto *uma árvore decepada *pelas mãos assassinas *do Homem *que se diz racional. *E um rio ? *Que tristeza ! *Vê-lo sem vida em busca do Oceano *que também morre, gradativamente. *É muito triste ! *ler, ouvir e ver *pelos jornais, rádios e TVs, *as dores de uma Guerra Mundial *em parcelas seqüenciadas. *Que tristeza ! *Vivermos o sofisma dos ACORDOS INTERNACIONAIS *os quais nunca atendem aos óbvios *interesses da humanidade. *Como é paranóica a realidade *com a estratégica implantação *de Usinas nucleares sobre a Terra. *Que ALEGRIA ! *se eu tivesse a certeza *que as vítimas da situação *não fossem os inócuos *Mas sim, os sádicos delinqüentes *fomentadores dos conflitos. *- *Livro : o muro... *... o mundo *- *(1986 ) *- *######### *- *ORAÇÃO DE UM PAÍS SUBDESENVOLVIDO *- *Oh Senhor ! *como é pesada essa cruz que eu levo, *como se amplia a dor *pelo meu sangue derramado. *Que sofrimento dimensionado *por ver o meu filho *( meu sangue também ) *faminto, morto e mutilado. *- *Oh Senhor ! *como pesa em meu ORÇAMENTO/VIVER *essa plantação devastada *em decorrência do desequilíbrio ecológico. *Como sofro ! *ao ver tanto sangue derramado *tantas torturas verificadas *por sádicos ditadores *que estão sempre a me explorar. *- *Oh Senhor ! *como é duro ser equilibrista *ao se ganhar o pão *sobre andaimes pendentes. *e sob pontes vacilantes *- *Oh Senhor ! *como é massacrante, *quase morar numa fila *da (IM) Previdência Social *e não ser atendido no dia subseqüente. *- *Oh Senhor ! *como é triste viver no mundo subdesenvolvido *sob a atmosfera fatal do imperialismo. *Como é ruim, *Ser Colônia na seqüência dos *Séculos, dos séculos ... *Amém, *- *Livro : o muro... *... o mundo. *- *(1986) *- *########## *- *IMUTÁVEL CENÁRIO *- *Luas aventureiras *misturam-se sôfregas *a estrelas cadentes *- *Sou navegante *na etérea dimensão, *protagonista errôneo *numa fictícia viagem. *- *O infinito, o mistério. *Imutável cenário : *nem noite, nem dia *CREPÚSCULO / ALVORECER ? *- *Espaçonave, ESPAÇONALFA *que direção seguir ? *O Cruzeiro do Sul ? *Uma Supernova ? *- *Deusas aladas me guiam *qual girassóis intergalácticos... *Sou navegante : protagonista *de uma fantasia sideral. *- *Livro : Abóbada do Pensamento *- *( 1989 ) *- *####### *- *DEUS CAPITALISTA ? *- *Homens e Mulheres *vão aos templos, *na função de fiéis. *- *Há um “SENHOR MORTO” *e todos a beijar-LHE *os pés. *- *Um “anjo” de mansinho *infiltra-se entre *os fiéis, *Tirando-lhes *Seus parcos “mil réis”, *Em nome de Igreja, *Em nome de DEUS. *- *Livro : Abóbada do Pensamento *- *( 1989 ) *- *####### *- *O HOMO SAPIENS *- *Somos cabeças ligeiramente pensantes *Pés que pisam profundamente errantes *Tortuosos dedos sutilmente engatilhados *E O PESCOÇO VULNERÁVEL À AÇÃO DA CORDA *- *Somos de um coração perenemente calhorda *Maquinando supostamente a fantasia do amor *Joelhos que se curvam em prol da humilhação *E OLHOS QUE NÃO DELINEIAM A FUGAZ/FÉTIDA ILUSÃO *- *Somos barrigas e umbigos bem calejados *Pela ação erosiva e não ciótica da apoquentação *Mãos que assinam LEIS pesadamente duvidosas *Bocas que trovejam palavras vagas... onerosas *- *Somos vidas procriando a ganância. Ou ociosas *Atropelando o semelhante desavisado à nossa frente *Representamos o futuro, moldado conforme o passado *Somos o HOMO SAPIENS ainda bicho, meio encavernado. *- *Somos as lágrimas deslizando por cascatas ásperas *E quando sorrimos é porque há alguém em desgraça fria *E pela derrota dos outros, nos vibramos em devaneios *E COM SATISFAÇÃO PRODUZIMOS : *Luzes, canções, poesia. *- *Livro : BRUMAS e Outros Caminhos ( Quase ) Luminosos *- *( 1992 ) *- *###### *- *O HOMEM EM CONFLITO *- *Calama ( RO ) *- *De estrelas, o firmamento se faz, se desfaz, se refaz *Os homens se apagam ao simples surgir do longo dia *Navegam os homens, sobre efêmeras embarcações *O tempo é uma flecha invisível, avança sem parar *Os homens param exatamente na estação anterior *Sem esperar que alcancem a Primavera, outra estação. *- *De luzes, de cores se compõe o mundo ao nosso dispor *Os olhos dos homens são vendados à ação da vida *E choram quando a vida suspira pela derradeira vez *A gota cristalina-única-e-luminosa que lhes restava *- *Os homens supõem coerência, uma vida sem desvios *Mas o rio é o exemplo de uma vida longa e sinuosa *O rio é vida própria e “edifica” mundos às suas margens. *- *E quando vier a próxima noite ? Os homens encaram o céu *E no Universo em evolução jamais estarão refletidos *Somos, afinal, tão insignificantes em relação ao TODO *E, apesar de tudo, os homens arrotam overdoses de acidez. *- *Livro : PONTOS SINUOSOS *- *( 1994 ) *- *####### *- *CONFLITOS SOB EROSÕES *- *Choram as hienas sensíveis *Coram as guaricemas insaciáveis *E os lobos vorazes oram trechos *De um estranho livro Sagrado *- *Sobem insetos por degraus invisíveis *E as chaminés em gases fatais *Deus, despetala-se em assombros *De castelos suspensos no vapor *- *Roncam os galos outros Salmos *E as batinas corroídas em soluções *Fórmulas desconhecidas de todos *Contam os pontos do instante final *- *Em vôos rasantes voltam as hienas *E as guaricemas lambuzadas no mel *Que surge dos gases da noite *E pelos caminhos óbvios da introspecção... *- *Livro :VERSISTÊNCIA ETC & TAL *- *( 1995 ) *- *##### *- *MENTIRA ! *- *A MENTIRA *é muito interessante. *Ela tem um jeito *todo especial. *- *E é... *... a nossa cara *sem maquiagem, sem máscaras... *- *O apogeu da glória do ser humano *vem quando, *sobre o pedestal da Mentira, *ele mente-descarada-mente *fazendo crer a todos *ser a essência da verdade. *- *A mentira *tem pernas de gigante, *tentáculos de dragão *e o fôlego de mil leões... *- *Livro : VERSÔMETRO *- *( 1996 ) *- *####### *- *MASOQUISMO INCONSÚTIL *- *Matemos *um por um *os passarinhos *que desavisadamente *invadem nossa intimidade. *- *Queimemos as flores *que de certo mesmo *só trazem beleza *e os frutos do amanhã. *- *Tapemos o sol e outras estrelas *e busquemos a eterna escuridão... *Matemos uns aos outros *choremos todas as dores... *E seremos felizes silhuetas *da autodestruição... *- *Livro : SUSSURROS & TEMPORAIS *- *( 1998 ) *- *#####

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