Foto: Divulgação
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Meu sobrinho estava naquela difícil fase da infância em que é comum trocar o R pelo L. Nós passamos algumas semanas, meses, tentando ensinar ele a pronunciar a letra R nas palavras.
Quando eu digo que “nós” estávamos ensinando, eu me incluo apenas por força do hábito. Como bom tio que sou, eu só ensino para ele as coisas ditas “que não prestam”. Quem estava ensinando mesmo eram os pais e avós.
Numa certa noite, o avô dele notou que ele pronunciou corretamente a palavra “quero”, ao invés de “quelo”, como era de costume.
Foi então que o avô disse:
“Você não é mais o Cebolinha.”
“Eu não sou o Ceborinha!” ele respondeu empolgado.
Todos ficamos em completo silêncio, nos olhávamos como cientistas em um laboratório após perceber a catástrofe resultante de seus trabalhos. Até que meus olhos se arregalaram, meu sorriso abriu e rapidamente se tornou uma gargalhada descontrolada. O menino ria comigo mesmo sem entender. Aos poucos, todos estávamos rindo.
Eu precisava confirmar nossas suspeitas, então eu pedi a ele que repetisse a palavra Cebolinha.
“Ceborinha!” ele disse.
“Agora fala planta” “Pranta!” “Fala Mochila” “Mochira!”
Meu sobrinho estava falando como um samurai dos filmes do japonês Akira Kurosawa.
Minha imaginação se perdeu, eu já podia vê-lo com um coque samurai, eu ia comprar quimonos combinando para nós dois. Enquanto eu viajava em devaneios, os demais explicavam a diferença pro menino, e ele absorveu bem rápido. Em poucos dias, ele já pronunciava os Ls e Rs corretamente.
Talvez tenha sido melhor assim, a Amazônia do século 21 não seria o melhor lugar para uma dupla de samurais.
Fonte: Coluna de Matheus na TV Caboquinho.
* O resultado da enquete não tem caráter científico, é apenas uma pesquisa de opinião pública!