Foto/legenda: Um rio de pedras. Essa é a imagem do Machado hoje em Ji-Paraná. Pelo menos até dezembro, mesmo que se chover forte na região, as águas não irão subir tão rápido. (Foto: Efraim Caetano)
O mais severo período de estiagem já registrado em Rondônia produz um novo número recorde. A seca em diversos e importantes rios do Estado está prejudicando a vida de milhares de famílias ribeirinhas.
O nível do rio Machado, o segundo maior rio de Rondônia e o único cuja toda extensão territorial passa dentro do Estado, atingiu nesta quarta-feira impressionantes 2 metros de profundidade. Em toda a história de registros, desde 1978, as águas do Machado não baixavam tanto e por um longo período.
Quem passa por Ji-Paraná logo percebe através da ponte, a que ponto chegou o rio. Não se vê mais a grande correnteza, marca registrada devido a grande vazão de água no encontro do mesmo com o rio Urupá, poucos metros acima da ”ilha do Coração”, marca símbolo da cidade. Hoje, na atual situação em que se encontra o Machado, é possível atravessar a pé de ponta a ponta, apenas andando pelo montante de pedras em que o mesmo se transformou.
Milhares de famílias ribeirinhas, entre Pimenta Bueno e Machadinho d’ Oeste estão passando necessidade, pois o único sustento que vinha do rio acabou. A incompetência dos governantes faz desta situação, um fato totalmente desconhecido, pois para eles, pouco importa se o rio está cheio ou vazio, se existem pessoas precisando de ajuda ou não. Outra prova de total descaso veio essa semana do Corpo de Bombeiros local. Na época da chuva, quando o rio oferece riscos de enchente, la estão eles fazendo a medição constantemente e agora, quando o agravante da seca atinge milhares de pessoas, pouco importa se o nível está ou não abaixo da média. Quer dizer, na cheia, pessoas não podem sofrer com enchentes, mas na seca podem passar por períodos difíceis, que ninguém liga mesmo, tudo passa e logo a chuva chega não é mesmo?
O mesmo lado pende para alguns veículos de comunicação do Estado, principalmente a imprensa televisiva de Ji-Paraná. É engraçado, mas parece que gostam de noticiar desgraça nesse lugar. Falar de ações e serviços que não foram feitos pela administração pública, do vento que destelhou tal lugar, das águas que invadiram casas, sempre é a mesma ladainha e os jornalistas, como sempre e de praxe, adoram espumar a boca falando mal dos governantes locais.
Esqueceram que nós temos um centro de pesquisas, com tecnologia capaz de monitorar e alertar com justa antecedência todos os eventos climáticos que ocorrem em Rondônia? A tempestade que atingiu Ji-Paraná no inicio da madrugada de sábado para domingo, por exemplo. Na manhã de sábado, 18 horas antes, todos os dados numéricos indicavam para tal instabilidade. Algum instituto veio a público alertar? Algum veiculo de comunicação fez a mesma coisa em procurar os profissionais de carteirinha, interessados na segurança da população de Rondônia? É claro que não, televisão em Rondônia o que dá lucro é sorteio de brinde e noticias que acabam com as obras das cidades.
Assim segue no mesmo ritmo o rio Machado agora. Famílias passando fome, sem água potável em suas residências e os levantadores da bandeira da informação com ética e imparcialidade, preferem o agradável ar-condicionado do estúdio a que mostrar a informação verdadeira e dolorosa ao público alvo.
Novamente, os dados apontam agora, inicio da tarde de quarta-feira para tempo muito severo em grande parte do Estado nas próximas horas. Alguém se habilita se preocupar com o ante e não só depois com o pós noticiando o ocorrido, os estragos causados?
Dados: ANA – CPTEC/INPE